Reprodução

Nas últimas cinco décadas, a Baía de Todos os Santos (BTS) perdeu 50% do volume de água doce, responsável pela renovação das águas. Para o oceanógrafo Rafael Mariani, autor da tese “Tendências Climáticas Regionais e Variabilidade do Campo de Salinidade da Baía de Todos os Santos (NE Brasil)”, a redução foi causada, entre outros fatores, pela diminuição das chuvas e das vazões fluviais (águas dos rios).

Desta forma, o pesquisador apontou que a BTS tem se tornado, com o tempo, menos úmida e mais quente. Para chegar à conclusão, apresentada à Universidade Federal da Bahia, Rafael passou três anos monitorando a quantidade de salinidade da baía, chegando à conclusão que o índice é um dos maiores do mundo.

“Os três principais rios afluentes à BTS, rios Paraguaçu, Jaguaripe e Subaé, apresentaram respectivamente redução das vazões médias anuais em 62%, 72% e 24% em relação a valores de referência de longo prazo (climatologia). Além disso, o volume anual de chuva foi reduzido em 24% (Salvador), 29% (Cruz das Almas) e 50% (Feira de Santana) da climatologia”, explicou.

Rafael também observou o aumento da temperatura média do ar regional e atribuiu a situação climática “a ações humanas, como o desmatamento, que resultam na diminuição da cobertura vegetal e da evapotranspiração, o aumento exacerbado da emissão de CO2 na atmosfera e o consequente aumento contínuo da temperatura global”. Tudo isso faz com que as águas tenham uma quantidade menor de nutrientes, o que, segundo Rafael, afeta a base da cadeia alimentar. Yasmin Garrido