Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, criticou a “politização” das Forças Armadas em discurso durante um evento em São Paulo, nesta última segunda-feira (4). Ainda segundo Barroso, os militares foram “manipulados” e “fizeram um papelão” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Politização das Forças Armadas, que talvez tenha sido uma das coisas mais dramáticas para a democracia. Foram manipulados, arremessados na política por más lideranças, fizeram um papelão no TSE, convidados para ajudar na segurança, para dar transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficar levantando suspeitas falsas”, disse.

Barroso fez referência à participação de militares em uma comissão de fiscalização das eleições de 2022, criada quando ele presidiu o TSE. Em outro momento da fala desta segunda, Barroso citou as investigações da Polícia Federal deflagradas no mês passado, e que mirou militares das Forças Armadas. Segundo as investigações, esses militares teriam participado da elaboração de um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

“As investigações estão revelando que nós estivemos mais próximos do que pensávamos do impensável. Nós achávamos que já havíamos percorrido todos os ciclos do atraso institucional para termos que nos preocupar com ameaça de golpe de Estado quando já avançado o século XXI”, pontuou.

Em seguida, o presidente do STF ponderou: “mas o mundo assistiu e assiste globalmente o avanço exponencial de uma extrema direita que capturou o pensamento conservador — eu queria repetir aqui, em respeito ao pluralismo democrático — que o conservadorismo é uma das opções legítimas do jogo democrático. A vida não é só para quem pensa como a gente, a vida é feita para todo mundo.”

Esta não é a primeira vez que Barroso comenta o assunto. No mês passado, em entrevista ao programa Conexão, da GloboNews, o presidente do STF disse que o comportamento das Forças Armadas foi “decepcionante”. O evento ao qual Barroso participou nesta segunda foi uma Aula Magna organizada pela Faculdade de Direito e pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). G1