Agência Brasil

Nesses últimos dias, cresceu o desânimo entre os integrantes da ala política da campanha do presidente Jair Bolsonaro por causa do discurso insistente do candidato de levantar suspeição contra a urna eletrônica.

A avaliação é que o ataque permanente ao sistema eleitoral brasileiro vai assustar cada vez mais o eleitor moderado, além do setor empresarial que já mostra preocupação com os reflexos da turbulência política no ambiente de negócios.

Interlocutores de Bolsonaro já consideram ser praticamente impossível convencer o candidato a sair do que a própria campanha classifica como uma “agenda negativa”. Vários aliados do presidente já “jogaram a toalha” nesses últimos dias.

“A gente fala. Faz um roteiro. Mas, depois, o presidente faz tudo diferente”, lamentou um integrante da campanha.

Bolsonaro tinha sido orientado a mudar de tema e falar apenas de resultados positivos na economia como a queda do desemprego e a deflação no último mês, além da redução no preço dos combustíveis e o aumento do Auxílio Brasil.

O argumento de dirigentes partidários é que falta menos de dois meses para as eleições e que é hora do candidato buscar uma pauta que diminua sua rejeição. Ao invés disso, Bolsonaro voltou a atacar na semana passada ministros do Supremo e a urna eletrônica.

“Isso só afasta cada vez mais um setor da sociedade que já votou em Bolsonaro e que agora rejeita o presidente. Isso deixou ele ainda mais isolado, principalmente depois dos manifestos recentes em defesa da democracia. Foi uma reação ao encontro com os embaixadores”, reconhece um dirigente partidário, para em seguida completar:

“O presidente foi alertado de que deveria mudar a pauta para reconquistar setores da sociedade. Mas ele fez o contrário e partiu para o ataque. Assim, fica difícil”.

A agenda de Bolsonaro nesta segunda-feira (8), na Febraban, teve como objetivo iniciar uma recomposição de Bolsonaro com o setor financeiro, depois que ele chamou de “cara de pau” e “sem caráter” quem assinou o manifesto pela democracia.

“É um erro atacar antigos aliados do setor financeiro e do setor empresarial. Bolsonaro está atrás de Lula nas pesquisas. Por isso mesmo, precisa conquistar apoios e não aumentar a rejeição”, reforça outro dirigente do Centrão. Por Gerson Camarotti