Foto: Divulgaçao

A campanha eleitoral, pelo menos a oficial, começa daqui a exatos 101 dias. Somente a partir de 16 de agosto, uma terça-feira, os candidatos a presidente, governador, deputado federal e distrital (nas outras 26 unidades da Federação é estadual) poderão começar a participar de comícios, distribuir santinhos, realizar caminhadas ou fazer propaganda. A disputa eleitoral, no entanto, já está na boca da população, principalmente a presidencial.

A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está consolidada e seguirá assim até o fim. A falta de uma terceira via unificada contribui sobremaneira para isso. Além disso, como não há um programa de governo alternativo, o eleitorado está dividido mesmo entre Bolsonaro e Lula. A grande questão é saber se a disputa vai para o segundo turno ou não.

Pelas últimas pesquisas eleitorais divulgadas, tudo indica que sim. Lula segue na dianteira, por sua vez, Bolsonaro está cada vez mais próximo. Eleição é sempre difícil prever, afinal existe a possibilidade de um “fato novo” embaralhar a disputa. Um dos fatos mais marcantes e recentes, por exemplo, é a trágica morte de Eduardo Campos em 2014, que alavancou a candidatura de Marina Silva ao Planalto e embaralhou a disputa com Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Creio que agora, no entanto, é bem diferente. A polarização em 2014 surgiu apenas nas três semanas entre o primeiro e o segundo turno e no pós-eleições. Brigas ocorreram, amizades acabaram desfeitas, parentes se afastaram. Houve, sim, uma forte fricção social. Muitas lições foram aprendidas, mesmo que à força em muitos ambientes familiares.

Em 2022, a divisão da sociedade entre duas candidaturas está consolidada meses antes. Em média, as pesquisas de opinião mostram que, na pergunta espontânea, aquela em que não são apresentados nomes dos candidatos e o entrevistado fala o que lhe vem à cabeça quando é questionado em quem pretende votar, Bolsonaro e Lula, juntos, concentram ao menos dois terços das respostas. Os outros nomes somados não chegam a 10%.

Tenho um amigo que toda a vez que sai uma nova pesquisa eleitoral me manda uma mensagem no WhatsApp: “E aí, Bolsonaro vira ou não vira?” A resposta segue incerta, mas será decidida sobre o que tiver mais peso, como a eventual rejeição a um candidato ou o desempenho econômico. Caro, leitor o que é mais importante para você: a soma de inflação, juros em alta, desemprego ou a ojeriza a um presidenciável? Muitos indecisos tomarão a decisão a partir daí. Por Roberto Fonseca, Correio Braziliense