Agência Senado

Sexto a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, confirmou aos senadores que o governo brasileiro recusou três ofertas de compra da vacina contra a Covid-19 apenas em agosto. O depoimento dele teve início na manhã desta quinta-feira (13).

Até às 12h, quando respondia às perguntas feitas pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), Murillo apresentou um cronograma das negociações com o governo Jair Bolsonaro. Segundo ele, as primeiras reuniões, ainda em caráter “exploratório”, ocorreram nos meses de maio e junho, quando esclareceram o status de desenvolvimento da vacina, produzida junto à empresa alemã BioNTech.

Na sequência, em 16 de julho, as empresas apresentaram uma “expressão de interesse”, em que resumiram as condições para a compra do imunizante, que ele ressalta serem as mesmas para todos os países. “Como consequência, tivemos outras reuniões no mês de agosto, em que aprofundamos alguns detalhes. Em 6 de agosto, o ministério manifestou possível interesse em nossa vacina e fornecemos em 14 de agosto nossa primeira oferta, uma oferta vinculante”, afirmou Murillo, segundo a CNN.

Como explicado por ele, essa oferta era dividida em duas partes: uma com 30 milhões de doses e outra com 70 milhões “e tinha o possível cronograma de entrega durante o final de 2020 e 2021”. Nesse ponto, o executivo contradiz a versão apresentada na sessão desta quarta (12) pelo ex-secretário especial do governo, Fábio Wajngarten.

O ex-titular da Secom confirmou à CPI que contactou a Pfizer e se reuniu com executivos da empresa em novembro após saber que o governo não tinha sequer respondido às ofertas feitas pela farmacêutica três meses antes. No entanto, ele disse que não havia menção a esse montante de doses, enquanto Murillo reforça que já falavam nessa quantidade desde a primeira oferta.

“Em 14 de agosto, voltamos a fazer a oferta por 30 e 70 milhões de doses, mas nessa tínhamos conseguido um quantitativo adicional para o Brasil para o final de 2020”, acrescentou o executivo, pontuando ainda que a terceira oferta ocorreu no dia 26 daquele mês, também com a proposta de contratos de 30 e 70 milhões de doses. “Nesta terceira, tínhamos conseguido um pouco mais de quantidade para o primeiro trimestre de 2021”.

Murillo revelou que, se o Brasil tivesse aceitado a oferta de agosto, 1,5 milhão de doses poderiam ter sido entregues ainda em 2020. Porém, com a negativa, a vacinação no país só começou na segunda quinzena de janeiro, com a Coronavac. A primeira remessa da Pfizer começou a ser distribuída em território nacional apenas em abril.