Agência Brasil

A Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg) alertou, em nota, nesta última sexta-feira (15) que, mesmo com o aumento das chuvas, a situação hídrica “ainda requer atenção”. O alerta foi emitido um dia após o presidente Jair Bolsonaro comemorar as recentes chuvas e afirmar que determinaria ao ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, que mudasse a bandeira tarifária da energia elétrica de “vermelha” para “normal” em novembro.

“Apesar do aumento das chuvas, a situação [hídrica] ainda requer atenção, fato também impactado pelas atuais condições do solo, bastante seco, e, portanto, maiores dificuldades de transformação das chuvas em vazões, ou seja, em volumes significativos de água que chegam nos reservatórios do País”, afirmou, em nota, a Creg. Nos últimos dias, houve aumento das chuvas, especialmente na região Sul. Além disso, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), há expectativa de chuvas em maiores volumes nas regiões Sudeste/Centro-Oeste no curto prazo.

Porém, especialistas afirmam que as chuvas devem garantir um fim de ano sem racionamento de energia, mas não devem ser suficientes para recuperar os níveis de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas no curto prazo. Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por cerca de 70% da capacidade de geração de energia do país, estão no pior nível desde 2000. Na quinta-feira (14), o armazenamento médio deles era de 16,86%.

Esse índice é inferior inclusive ao registado na mesma data de 2001 (21,4%), quando vigorava um racionamento de energia no país. No comunicado, a Câmara destacou os baixos níveis. “Em relação ao monitoramento das chuvas verificadas, foi destacado que o biênio 2020/2021 se caracteriza como mais gravoso, em termos de déficits de chuva, em comparação inclusive ao verificado em 2000/2001”, diz a nota da Creg.

A Câmara afirmou também que as novas projeções apresentadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam a possibilidade de uso da chamada reserva operativa para atendimento da demanda nos horários de pico em outubro, e em menor escala nos meses de novembro e dezembro. A reserva operativa existe para garantir energia em momentos de alta pressão na carga elétrica. O uso dessa reserva, dependendo do nível, pode deixar o sistema elétrico mais vulnerável a falhas.

A Câmara informou também que as medidas para retenção de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas Jupiá e Porto Primavera, situadas sobre o rio Paraná, serão mantidas entre os meses de novembro e fevereiro de 2022. Devido a falta de chuvas, atualmente, a bandeira tarifária em vigor é a de “escassez hídrica”, que adiciona R$ 14,20 às faturas para cada 100 kW/h consumido. A exceção é para famílias de baixa renda incluídas na Tarifa Social de Energia Elétrica, nesses casos, a bandeira vigente é a vermelha patamar 2, cujo custo adicional é de R$ 9,49 por 100 kWh consumidos. G1