Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A América de cores, lutas, línguas e natureza sem igual tem personagens históricos a rodo e pode ganhar um novo conquistador, pelo menos dentro dos campos de futebol. Adenor Leonardo Bachi, o popularíssimo Tite, comanda a seleção brasileira neste domingo na final da Copa América, às 17h (de Brasília), contra o Peru, no Maracanã. Em caso de vitória, se tornará o primeiro técnico a somar este título aos da Libertadores, Copa Sul-Americana e Recopa, principais torneios continentais de clubes.

Os três anos de Tite à frente da Seleção são repletos de peculiaridades. Ao recuperar o bom futebol e classificar a equipe, antes ameaçada, com antecedência para a Copa do Mundo, o técnico foi alçado à condição possível candidato à presidência da república. Bastou a derrota para a Bélgica nas quartas de final e não só lhe foi arrancada a faixa como também os elogios.

A um jogo de conquistar seu primeiro título com a Seleção, o vitorioso treinador precisa responder sobre sua permanência diante de notícias sobre uma possível saída. Absolutamente seduzido pela possibilidade de ganhar uma Copa do Mundo, competição à qual nada pode se igualar, em suas próprias palavras, ele vive momento de ansiedade pelas mudanças na comissão técnica, inclusive pela escolha do substituto do coordenador Edu Gaspar, seu amigo e braço-direito. Na véspera de poder abraçar novamente o continente, ele foi sucinto.

“2022 é o contrato que a gente manteve com a CBF e com o Rogério (Caboclo, presidente da confederação)”. O título, visto como obrigatório pelo entorno, pela Copa América ser disputada em casa um ano após a frustração na Rússia, poderá pavimentar um caminho de paz, pelo menos nos próximos meses. Tite sabe como é isso. Em momentos de dificuldade na carreira, troféus o reergueram.

O Internacional tornou-se o primeiro clube brasileiro a vencer a Copa Sul-Americana em 2008, ao derrotar o Estudiantes na prorrogação do Beira-Rio. Tite era o comandante de jogadores como Taison, D’Alessandro, Nilmar Alex e Guiñazu. Em 2012, ele conduziu o Corinthians ao tão sonhado título da Libertadores, com direito a vitória sobre o Boca Juniors na final. No ano seguinte, em dois jogos, bateu o São Paulo e levou também a Recopa para casa.

Do abatimento pela eliminação na Copa do Mundo até recuperar a segurança no processo de renovação da Seleção, Tite passou por momentos de introspecção, e assimilação da necessidade de mudanças, até mesmo no seu jeito de ser. Na Copa América, botou em prática o processo de substituições mais rápidas na equipe e aproximou-se mais dos jogadores. Deixou de lado seu jeitão cheio de formalidade para chamar Everton pelo apelido de Cebolinha, um símbolo de uma relação que ele julgava precisar de ajustes.

Velhos companheiros de comissão técnica veem com entusiasmo o trabalho de Tite durante a Copa América. Se há um ano havia o entendimento geral de que o peso da Copa do Mundo mexeu com ele de forma negativa, agora ele passa a impressão de ter assimilado o baque e, de acordo com auxiliares e preparadores, “trabalha como em seus melhores dias”.

– O aprendizado é constante na relação com vocês, no embate de ideias com o Cleber (Xavier, auxiliar-técnico), na interação com os atletas. Eu tenho muitos defeitos, mas não o de querer saber, observar, entender. Em relação à Copa do Mundo, especificamente, trocas mais rápidas de atletas, a valorização dos atletas entenderem que a troca não é desprezo a quem sai. Que todos podem ser decisivos. Uma mudança de sistema, mas circunstancia em cima do melhor momento de cada atleta – explicou Tite.

BRASIL x PERU

Local: Maracanã
Data e horário: domingo, às 17h (de Brasília)
BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Arthur e Coutinho; Everton, Gabriel Jesus e Firmino. Técnico:Tite
Reservas: Ederson, Cássio, Fagner, Militão, Miranda, Filipe Luís, Fernandinho, Allan, Paquetá, David Neres e Richarlison
PERU: Gallese, Advincula, Zambrano, Abram e Trauco; Tapia, Yotún, Carrillo, Cueva e Flores; Guerrero. Técnico: Ricardo Gareca
Reservas: Caceda, Álvarez, Corzo, Santamaría, Callens, Pretell, Ballón, Gonzales, Polo e Ruidiaz
Desfalques: Willian (Brasil, lesão muscular na coxa direita) e Farfán (Peru, lesão no joelho esquerdo)
Arbitragem: Roberto Tobar, auxiliado por Christian Schiemann e Claudio Rios (todos do Chile); VAR: Julio Bascuñan (Chile), auxiliado por Nicolas Callo e Alexander Guzmán (Colômbia) Globoesporte