O ex-policial Eraldo Menezes de Souza foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão pela morte de Joel, menino vítima de bala perdida aos 10 anos, em Salvador. Já o policial Alexinaldo Santana Souza foi absolvido pelo crime.

O garoto morreu aos 10 anos de idade, dentro de casa, durante uma ação policial no bairro onde morava, no Nordeste de Amaralina, em 2010.

Alexinaldo Santana Souza e Eraldo Menezes de Souza foram julgados, nesta terça-feira (7), no Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana. O júri popular começou na segunda-feira (6).

Mirian Conceição, mãe de Joel, em entrevista à TV Bahia, disse se sentir aliviada com a condenação de Eraldo, e informou que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) vai recorrer da decisão.

Primeiro dia de júri

O primeiro dia do júri durou cerca de 11 horas. Começou às 9h e terminou por volta das 20h. Dez pessoas entre testemunhas de defesa e acusação, além dos réus foram ouvidas.

  • Testemunhas de acusação: dois vizinhos, a irmã da vítima, Jessica Caroline, e o pai do garoto Joel Castro, mestre Ninha;
  • Testemunhas de defesa: todos policiais militares.

O que falaram os réus no primeiro dia do júri popular

Os dois réus choraram durante os depoimentos. Eraldo Menezes de Souza, acusado de balear o garoto, contou que:

  • não quis disparar no garoto;
  • atirava contra suspeitos, quando escorregou com a arma apontada para cima e apertou o gatilho “sem querer”;
  • o tiro atingiu o toldo e bateu na janela onde estava Joel.

Questionado se viu o corpo do garoto, ele chorou e contou que só soube da morte da criança depois de deixar o local do confronto.

Já Alexinaldo Santana Souza, tenente que comandou a ação policial, disse que:

  • estava mais à frente de Eraldo Menezes e que não teve responsabilidade sobre o disparo feito pelo ex-policial;
  • encontrou uma pistola ao lado da casa de Joel e a apresentou na delegacia;
  • só soube que a criança foi baleada ao fim da operação;
  • acreditou que o tiro teria sido deflagrado por policiais com a arma encontrada ao lado da casa.

Durante o depoimento, Alexinaldo também chorou bastante e disse que tinha dois filhos com idades parecidas com a de Joel, na época do ocorrido, e que isso o fez sofrer durante os 13 anos em que respondeu pela morte do garoto.

Joel da Conceição de Castro tinha 10 anos na época do ocorrido. Além de estudar, ele praticava capoeira e estava com viagem marcada para a Itália, onde representaria o Brasil em eventos culturais.

“Meu filho tinha um futuro brilhante pela frente, mas eles [os réus] não deram oportunidade de meu filho crescer”, desabafou o pai da vítima, o capoeirista Mestre Ninha. G1