A primeira vez que uma mulher negra passou a atuar como juíza foi em 1962 com a posse da magistrada Mary de Aguiar Silva. Nesta quarta-feira (28), cerca de 56 anos depois, ela recebe a Medalha do Mérito Judiciário como forma de reconhecimento segundo informações do Bahia Notícias. Sobrinho de Mary, Eli José de Aguiar destaca os preconceitos que a tia deve ter sofrido por ocupar essa posição quando juíza.

 

“É justamente a afirmação de uma mulher negra que vem de uma origem humilde, que há 50 anos teve que vencer barreiras imensas pra conseguir chegar aonde chegou”, afirma, em contato com o Bahia Notícias. Ele conta que veio de Brasília para Salvador apenas para participar da cerimônia, que acontece nesta manhã no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

 

Também sobrinha de Mary, Sheila Aguiar chama o reconhecimento de “conquista” e diz que toda a família tem orgulho do que a tia representa na história do país. De acordo com a Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), Mary, que hoje tem 93 anos, atuou como juíza de 1962 a 1995. A condecoração foi proposta pelos membros da Comissão de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (Cidis).

 

A condecoração veio por meio de seu Presidente, o Desembargador Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, e aprovada por unanimidade durante sessão judicante do Tribunal Pleno realizada no último dia 24 de outubro (relembre aqui). Na época da aprovação, o presidente do TJ-BA, desembargador Gesivaldo Britto, afirmou que tentaram “usurpar” essa homenagem da primeira juíza negra.

 

Por muitos anos, o reconhecimento informal foi dado à desembargadora Luislinda Valois. Uma reportagem da Folha de São Paulo de fevereiro de 2017 informa que a juíza Mary foi nomeada para o cargo em 1962. Já Luislinda foi a terceira juíza negra, nomeada para a magistratura em 1984.