Homem capaz de revelar segredos dos anos Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid tem sido monitorado de perto desde esta quarta-feira (3) pelo núcleo mais próximo de familiares e defensores do ex-presidente. A estratégia, agora, é tentar isolar a crise da família Bolsonaro da de Cid, tentando emplacar a versão de que Cid fez tudo sem comunicar ou sem anuência do ex presidente.

Portanto, a operação agora é para blindar o ex-presidente, assim como esse entorno de estrategistas tenta fazer com outros casos como os movimentos golpistas e as joias recebidas da Arábia Saudita que entraram no Brasil sem declaração à Receita Federal. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi preso em operação da PF que investiga a falsificação de certificados de vacina do ex-presidente – e da filha dele de 12 anos -, do próprio Cid e da família dele.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo blog lembram, no entanto, que Cid não é qualquer personagem. Quando o ministro Alexandre Moraes determinou a quebra de sigilo de Cid em 2022, por outro caso, Bolsonaro foi a uma live atacar Moraes – e reclamou com ministros também. Chamou a quebra de sigilo de “covardia” e, muito nervoso, disse a Moraes para “ser homem” diante da decisão.

Naquele momento, a PF encontrara, no celular de Cid, mensagens que levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República. O material indicava que as movimentações financeiras se destinavam a pagar contas pessoais da família presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Moraes, a pedido da PF, autorizou a quebra de sigilo bancário de Cid – o que irritou Bolsonaro.

PF avança em investigações

A Polícia Federal ouviu Ailton Barros, informalmente, nesta quarta-feira (3), sobre detalhes de que ele saberia quem mandou matar Marielle Franco. O militar da reserva e ex-candidato a deputado estadual também foi preso na operação que apura fraude na vacinação de Bolsonaro e afirmou em mensagem de áudio enviada a Cid saber quem mandou matar a vereadora do PSOL-RJ em 2018. O depoimento formal ainda não ocorreu. Andreia Sadi/G1