Agência Brasil

A decisão de colocar fim à situação de emergência sanitária é mais uma “irresponsabilidade concreta” do governo federal na condução das medidas sanitárias contra a Covid. A avaliação é da jurista e professora da Faculdade de Saúde Pública da USP Deisy Ventura.

“Desde o início da pandemia tivemos uma indiferença do governo em relação à saúde e à vida dos brasileiros”, diz Deisy em conversa com Natuza Nery no episódio desta quarta-feira (20) do podcast O Assunto. Para ela, a decisão de retirar a situação de emergência sanitária é “coerente” com a forma com que o governo lidou com a Covid desde a chegada do vírus ao país.

A jurista pontua o caráter das decisões tomadas pelo Ministério da Saúde: “Sempre foi eleitoral”, diz. “Todas as contradições e discursos escolhidos a depender do público, isso nos acompanha desde o início da pandemia”, lembra.

“Nunca foi uma questão de cuidar da saúde das pessoas. Sempre foi uma questão de tirar proveito eleitoral ou de supostamente evitar um prejuízo eleitoral”, avalia Deisy.

O anúncio de Marcelo Queiroga – feito em cadeia nacional no domingo de Páscoa – derruba mais de duas mil normas de esferas estadual e municipal em todo o país e vai na contramão da recomendação da OMS, que reforça o status de emergência internacional.

Deisy recorda que o Brasil iniciou a pandemia “com a pior resposta” e que tenta, agora, encerrar sua relação com a doença da mesma forma. “É mais um crime contra a saúde pública”, diz.

Para Deisy, trata-se de uma “declaração falsa” para o fim da pandemia, cujo objetivo é somente a “produção de conteúdo para a campanha eleitoral” de reeleição de Jair Bolsonaro. G1