A maioria dos infectados por Covid-19 em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador, é de jovens ou adultos com idade até 49 anos. Na última semana, o número de contaminados pela doença cresceu bastante: de segunda-feira (18) até terça (26), foram mais de 150 novos casos. O aumento no número de infectados atingiu principalmente os jovens com 20 a 29 anos. Eram 26 infectados nessa faixa etária, mas o número saltou para 73.

Das 375 pessoas com Covid-19 em Feira registradas até domingo (24), 19,5% são jovens com 20 a 29 anos; 30,7% têm 30 a 39 anos; 22,4% têm de 40 a 49 anos. Os três grupos juntos correspondem a quase 72,5% do total de pessoas tiveram a doença na cidade. Janailton Oliveira tem 49 anos, é balconista em uma farmácia e precisa trabalhar durante a pandemia, de máscara e cumprindo as medidas de segurança.

“Eu fico um pouco triste, porque às vezes a gente faz nossa parte e está vendo tantas pessoas que não estão fazendo a parte delas. A gente está se protegendo e orientando para se protegerem também, mas infelizmente não são todos que acatam”, disse o balconista.

Alguns fatores podem explicar esses números: as pessoas dessa faixa etária são economicamente ativas e não podem cumprir a isolamento social, porque estão trabalhando. No entanto, isso também pode significar que muitos deles não estão tão preocupados com a doença por não fazer parte do grupo de risco e, assim, acabam se expondo mais, em festas, jogos de futebol e outras aglomerações.

“A gente sempre frisa muito que há um maior risco de complicação em pessoas idosas acima de 60 anos ou que tenham doenças associadas. Como essa população se considera de menor risco, passa a sair com mais frequência e não tendo mais cuidado como as outras faixas etárias”, explicou a coordenadora do Comitê Gestor Municipal de Controle ao Coronavírus, Melissa Falcão. De acordo com o secretário de Prevenção à Violência, Moacir Lima, durante as fiscalizações, o público mais encontrado é composto de jovens.

“Principalmente em bares, nas aglomerações, em festas particulares, os pancadões. Nós temos encontrado muitos jovens e muita dificuldade nessas ações, porque nós buscamos orientá-los para que eles saiam desse momento de aglomeração, orientamos e, aqueles que não cumprem, fechamos os bares e até interditamos, caso haja necessidade na resistência”, contou Moacir.

Melissa Falcão, alertou ainda que, mesmo não fazendo parte do grupo de risco, os jovens e adultos saudáveis não estão imunes à doença. “Se está sendo mais contaminada, a gente precisa fazer um trabalho maior para que tenha conscientização e siga as recomendações adequadamente, porque estamos entrando em um período mais crítico. Estamos vendo um aumento do número de casos de uma maneira mais rápida, aumento da mortalidade, aumento da quantidade de pessoas internadas, isso deve se manter durante todo o mês”, completou Melissa. G1