Foto: Isac Nóbrega/PR

O PP nacional está disposto a bancar toda a estrutura do partido e de seus parlamentares na Bahia por meio do governo Jair Bolsonaro (PL), caso o maior líder da legenda no Estado, João Leão, vice-governador baiano, decida romper com o PT e apoiar a candidatura de ACM Neto (DEM) ao governo.

A informação foi transmitida diretamente pelo presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), a uma fonte nacional deste Política Livre, alegando, entre outros motivos, a facilidade para a abertura de um canal de interlocução que a adesão poderia possibilitar entre o governo federal e o democrata na Bahia, hoje inexistente.

Com o posicionamento de Ciro, considerado no PP “o primeiro ministro” do governo Jair Bolsonaro, a decisão quanto a marchar com Neto ou ficar na base passou a ser basicamente de Leão, em torno de quem, pela primeira vez nesta campanha, todo o PP se uniu em solidariedade.

Das bancadas federal e estadual aos prefeitos progressistas, passando por lideranças do interior, todos acham que o vice-governador foi “humilhado” pelo PT e o senador Jaques Wagner (PT), que teriam “passado de todos os limites” em relação a qualquer possibilidade de manter o partido como aliado.

Depois de sinalizar reservadamente várias vezes a Rui que não fazia sentido ele disputar o Senado entregando o governo a Leão, Wagner, representando o pensamento unânime do PT, assumiu a liderança do processo e estabeleceu que o governador permaneceria no governo e o partido teria candidato próprio à sucessão estadual.

O anúncio jogou por terra uma combinação que envolvia apenas – agora, se sabe – Rui e Leão, abrindo uma crise, pelo que se comenta nos bastidores do PP, irreversível. Há informações de que Leão, de fato, já passou a maturar a ideia do rompimento, em decorrência da grande pressão que tem recebido dos correligionários.

Ele hoje pode usar o argumento de que foi excluído e traído pelo PT para justificar a adesão a Neto, o que o senador Otto Alencar (PSD), cuja reeleição também pode ter sido colocada em perigo com a retirada da candidatura de Wagner ao governo em favor de um nome que os petistas ainda não escolheram, não tem, por exemplo, como alegar.

O líder do PP, no entanto, deve ter, primeiro, um encontro com Lula para dizer que, lamentavelmente, não teve o tratamento adequado dos representantes de seu partido na Bahia, apesar de todo o respeito e consideração que sempre devotou ao ex-presidente, em particular, e aos petistas baianos, em geral.

Na chapa de Neto, Leão pode assumir a candidatura ao Senado ou indicar o vice, já que não pode mais concorrer ao cargo que exerceu em dois mandatos consecutivos ao lado do PT. Seu filho, o deputado federal Cacá, muito prestigiado por Ciro, é também avaliado para concorrer em seu lugar. Política Livre