Anderson Riedel/PR

Ventilado como um dos favoritos à próxima vaga no Supremo Tribunal Fedaral (STF), o ministro da Justiça André Mendonça tenta reverter o desgaste causado nas últimas semanas com a Corte, após a elaboração de um “dossiê antifascista”, visto como ato de perseguição a opositores.

O ex-ministro da Controladoria-Geral da União ficou no lugar de Sergio Moro não só na Justiça, mas também no ciclo de proteção do presidente Jair Bolsonaro, que considera indicá-lo para a vaga que será aberta em novembro, com a aposentadoria do decano Celso de Mello.

De acordo com informações do Estadão, ministro está disposto a esclarecer a situação do dossiê ao Supremo Tribunal Federal e apurar as possíveis irregularidades cometidas. O diretor de inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes já foi demitido e uma sindicância foi aberta.

Na prática, o STF não tem envolvimento direto com a cadeira no ministério, que tem indicação direta do presidente, mas nos bastidores há uma influência da Corte nas escolhas.

O partido Rede Sustentabilidade pediu ao STF a abertura de um inquérito para investigar o “dossiê antifascista” que deu acesso a dados pessoas de servidores públicos à pasta, e que seja informado o conteúdo produzido em 2019 e 2020 com a prática.

O tom adotado por Mendonça em resposta à ministra Carmen Lúcia, relatora da ação, que apontou “gravidade” no caso, não foi bem aceito pelos ministros da Corte. Ele chegou a pedir “parcimônia” e “sensibilidade” do Supremo, para que não afrontasse a “competência do Legislativo”.

Na última quarta-feira, o ministro recuou e admitiu que cumpriria “de imediato” uma possível determinação do STF para apresentar o documento. Esta não é a primeira atitude questionável de André Mendonça, que pediu habeas corpus para o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, e outros bolsonaristas investigados no inquérito das fake news aberto pelo STF.