Agência Brasil

O Brasil tem 62,56 milhões de inadimplentes. No ranking de dívidas, o primeiro lugar é liderado pelo setor de Bancos/Cartão, com 29,7%. Em seguida, aparece “utilities”, ou seja, contas de consumo não pagas (22,3%) e em terceiro lugar, o varejo (13%). Com o encarecimento das faturas de energia e gás, mais brasileiros devem atrasar o pagamento de serviços básicos.

O economista e professor do Ibmec RJ, Tiago Sayão, diz que a situação é preocupante porque, com maior uso das termelétricas, a conta de luz não deve diminuir. Além disso, explica que a política de preços da Petrobras também pode levar a novas altas que pressionem o bolso do consumidor, em especial, de baixa renda.

— Tanto a energia, quanto os combustíveis têm efeito em cadeia. O consumidor paga quando faz consumo, mas também quando vai compra alimentos, que têm os preços inflacionados pelos demais itens. Para os mais pobres, o efeito é ainda mais perverso, ainda mais em um cenário de alto desemprego e com um baixo valor de auxílio emergencial — comenta Sayão.

O professor ainda destaca que os que já estão endividados vão pagar ainda mais caro pelas contas em aberto. Com a taxa Selic mais alta, atualmente no patamar de 4,25%, as dívidas do rotativo do cartão de crédito tendem a ficar com juros ainda maiores.

Como se organizar?

Na pesquisa “O Bolso dos Brasileiros”, da Serasa, os brasileiros disseram que se tivessem que não quitar alguma conta durante a pandemia, iriam priorizar o pagamento da água, da luz e do gás. Porém, o mesmo levantamento mostrou que, no ranking dos pagamentos feitos em dia, essas contas aparecem atrás de serviços de assinatura, telecom, cartão de crédito e plano de saúde.

Em um momento em que as contas de utilities representam quase 37 milhões de dívidas, Nathalia Dirani, gerente de marketing da Serasa, ratifica que contas essenciais, como água, energia e gás devem ser priorizadas no orçamento mensal. Para ela, a organização financeira e a renegociação de dívidas podem ajudar a evitar maiores complicações.

“Existem ótimas oportunidades para que os brasileiros negociem essas dívidas com descontos e consigam pagá-las de forma que caibam no bolso. No Serasa Limpa Nome, por exemplo, os acordos são fechados em menos de 3 minutos e, desde janeiro, nós já possibilitamos mais de 10 milhões de negócios” comenta Nathalia.

O financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira e professor de MBA da Unisinos, Fabrizio Gueratto, diz que as crises aceleram a educação financeira. Para evitar descontroles que levam ao endividamento, aconselha a ter uma planilha de controle de gastos, seja on-line ou no excel. Além disso, sugere guardar um pequeno valor todo mês, religiosamente.

— Não importa quanto a gente ganhe, é necessário ter uma reserva de emergência, ou seja um dinheiro para imprevistos para momentos como esse — aconselha o financista: — Outro ponto é que é necessário ter mais de uma fonte para ganhar dinheiro, porque se temos apenas uma fonte de receita, um dia ela pode secar. Extra