A morte do economista e empresário espanhol Márcio Pérez, de 42 anos, completa dois anos neste sábado (19), e segue sem data de julgamento. Dois policiais militares estão presos suspeitos do crime. Márcio foi morto a tiros quando chegava na casa dele, de carro, acompanhado de uma amiga.

O empresário, que tinha 42 anos, tentou escapar dos disparos efetuados por policiais ao continuar dirigindo, mas foi perseguido pelos PMs e atingido na nuca, quando passava pela Rua Simon Bolívar, na região do antigo Centro de Convenções.

Os dois policiais militares foram presos em dezembro de 2018, mas tiveram prisão revogada pela Justiça em maio do ano passado. Sete meses depois, a dupla voltou a ser presa após o MP-BA recorrer da decisão judicial de primeira instância. Eles seguem presos na Coordenadoria de Custódia Provisória (CCP) da Mata Escura à disposição da justiça.

Márcio Pérez deixou duas filhas, que na época tinham 13 e 9 anos. Segundo Olívia Santana, ex-esposa do empresário, até hoje as garotas, agora com 15 e 11 anos, falam do pai.

“A gente teve que se adaptar a essa perda, mas dizer que a gente parou de sentir? O sofrimento não passa nunca. Elas continuam sentindo muita falta do pai, falam muito dele”, disse Olívia Santana. Entretanto, a demora para o julgamento traz angústia para a família de Márcio Pérez, que aguarda por respostas.

“Eu parei de acompanhar, porque a gente não estava muito bem recebendo as notícias. Resolvemos nos afastar um pouco e deixar eles [advogados] resolverem. O que eu sei é que teve uma audiência em julho e eles [policiais suspeitos] foram ouvidos”. O G1 questionou o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) sobre o andamento do processo, mas foi informado de que o caso corre em segredo de Justiça.

Já a Polícia Militar da Bahia informou que o Inquérito Policial Militar (IPM) já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público. Após a conclusão do IPM, a corporação instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que apura a conduta dos militares na esfera administrativa, cuja pena máxima é a demissão.

O órgão informou que, no entanto, a apuração do PAD está suspensa em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Em janeiro do ano passado, o Ministério Público ofereceu denúncia contra os militares Maurício Correia dos Santos e Saulo Reis Queiroz, por homicídio qualificado, além da tentativa de homicídio contra a mulher que estava no carro junto com Márcio.

“O pior de tudo é que até hoje a gente não tem uma resposta, o que que aconteceu, o motivo de eles terem feito aquilo. O Ministério Público, a promotoria diz que foi um crime passional, os PMs dizem que foi um equívoco, então a gente não sabe o que de verdade aconteceu”, contou a mãe das filhas de Márcio Pérez.

Olívia Santana fez uma comparação com o caso do Mestre Moa, que foi assassinado em Salvador, menos de um mês depois de Márcio Pérez e já foi solucionado. O suspeito de cometer o crime, o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, foi condenado a 22 anos e 1 mês de prisão em regime fechado, em júri popular, em julgamento realizado no dia 21 de novembro do ano passado.

“O caso do mestre Moa, que também foi assassinado, acho que foi na mesma época, o caso já foi julgado, o assassino já foi preso e o caso de Márcio continua nessa e eu não entendo o motivo. Na certa é porque são policiais militares”, disse. G1