Foto: Christopher Black/OMS

Respondendo a pergunta do G1 sobre as mensagens enviadas pelo governo brasileiro à população durante a pandemia do novo coronavírus, o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mike Ryan, disse que “é importante que as pessoas busquem várias fontes de informação”. O presidente Jair Bolsonaro foi visto sem máscara em público em diversas ocasiões nos últimos meses, inclusive durante a cerimônia pelo Dia da Independência, nesta segunda, em Brasília.

“Os cidadãos no Brasil e em muitos países podem olhar e buscar informações em várias fontes, e, certamente, acho bom estar em uma posição em que você pode ter uma confiança absoluta em qualquer governo, mas também é importante que as pessoas busquem várias fontes de informação”, respondeu o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan.

“Os governadores estaduais e as autoridades estaduais de saúde pública têm estado muito envolvidos em oferecer aconselhamento e apoio às comunidades. Aí você tem o governo nacional, a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde, braço regional da OMS nas Américas] e nós mesmos [a OMS]”, declarou Ryan.

“Os bons governos constroem a confiança das comunidades fornecendo-lhes apenas informações verificadas e baseadas em evidências. Porque, se as coisas derem errado, as comunidades vão entender”, afirmou o diretor de emergências.

“Mas, se as comunidades perceberem que estão obtendo informações que estão sendo politicamente manipuladas, ou que estão sendo gerenciadas de uma forma que distorce as evidências, então, infelizmente, isso volta ao governo politicamente em um estágio posterior”, completou Ryan.

A OMS já havia se manifestado sobre alguns posicionamentos do governo brasileiro. Na sexta (4), a entidade lembrou que “vacinas salvam vidas” ao ser questionada sobre uma publicação da Secretaria de Comunicação da Presidência que dizia não poder “obrigar ninguém” a tomar vacina.

Em maio, a organização frisou a necessidade de uma mensagem “coerente” no combate à pandemia entre os governos estaduais e federal. A declaração foi dada também por Michael Ryan, depois que a OMS foi questionada sobre a reabertura de alguns locais de comércio no país, como academias e salões de beleza. “As comunidades precisam ouvir mensagens coerentes e consistentes de lideranças, essa mensagem precisa ser clara e governos precisam seguir o que falam”, afirmou Ryan.