Em meio à pandemia do novo coronavírus, a economia brasileira viu um contingente superior à população de Portugal deixar o mercado de trabalho no setor privado. Entre os meses de setembro de 2019 e de 2020, 11,5 milhões de brasileiros saíram da população ocupada no setor privado – número recorde, segundo levantamento realizado pela consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Trimestral.

Na contramão, nesse mesmo período, o setor público criou 145,4 mil postos de trabalho. No total, o Brasil tinha 70,6 milhões de trabalhadores que atuavam no setor privado em setembro do ano passado – número que inclui formais, informais, empregadores, conta própria, entre outros. Já no setor público, eram 11,8 milhões.

“O ciclo de contratações do setor público acompanha muito mais o calendário das eleições do que a economia do país”, explica Mariana Leite, pesquisadora do IDados. “Até porque os servidores, em sua maioria, têm estabilidade no emprego. E a demanda por serviços públicos, em momentos de crise, não diminui tanto quanto a demanda por serviços privados”, complementa.

A diferença de trajetória dos empregos público e privado indica que as desigualdades no mercado de trabalho devem ser reforçadas pela crise atual. Isso porque, além de criar vagas, o funcionalismo paga o dobro da iniciativa privada. Segundo o IDados, a remuneração média dos servidores era de R$ 3.951 em setembro de 2020 – valor 94,4% superior aos R$ 2.032 oferecidos pela iniciativa privada. G1