Termina nesta quarta (31) a campanha nacional de vacinação contra a gripe e menos da metade da população foi aos postos de saúde. Além de cuidar das plantinhas em casa, Hermes Fonseca ainda trabalha como químico em um laboratório. Ele está com 82 anos e diz que desde que começou a tomar a vacina contra a influenza, nunca mais teve uma gripe forte. Por isso, todo ano, quando a campanha começa, é um dos primeiros a se imunizar.

“A gente sempre confiou na vacinação, entendeu. Eu acho que a vacinação é super importante. Eu acho que se a gente não vacinar, a gente vai transmitir a gripe também. É um vírus”, diz Hermes Fonseca, químico. Mas nem todo mundo tem a consciência do Hermes. A campanha nacional de vacinação contra a gripe começou há quase dois meses, com a meta de vacinar mais de 80 milhões de pessoas. Mas, até agora, prestes a terminar, não atingiu nem metade do público alvo.

Quarenta e cinco milhões de doses ainda estão disponíveis nos postos de saúde Brasil afora. Em alguns estados, até a tarde desta terça-feira (30), de acordo com o Ministério da Saúde, a vacinação não tinha chegado nem a 30%. É essa a situação no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, em Rondônia, em Roraima e no Acre. Por causa da baixa cobertura, pelo menos sete estados já confirmaram que vão prorrogar o prazo de vacinação: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Pará e Sergipe. É o que o Ministério da Saúde orienta.

“A ideia é que a campanha prolongue até a utilização das doses que já foram distribuídas pelo ministério. O ministério não vai distribuir novas doses. Nós distribuímos 80 milhões de doses e, agora, nós estamos orientando o prolongamento desse prazo para que essas doses sejam utilizadas”, afirma Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente. A baixa procura é uma preocupação, porque é nesta época do ano que o risco de internações e casos mais graves da doença aumentam.

“No inverno, o ar está mais frio, diminui a quantidade de sangue circulando na região do nariz, da garganta. Isso facilita que o vírus entre e se instale ali. Além disso, nessa época, exatamente porque está frio, as pessoas ficam mais dentro dos ambientes com janelas fechadas, propicia a circulação interna desses vírus e um alastramento naquela comunidadezinha fechada”, explica o virologista da UFMG Flávio da Fonseca. A aposentada Deneusa Lúcia Barra sabe que a gripe pode ser perigosa. Por isso, todo ano garante a sua dose de proteção. “Eu quase não gripo, quase não gripo mais. Os hospitais estão cheios, as UPAs estão cheias. Então, tem que prevenir com certeza”, diz a aposentada. G1