Câmara Municipal do Rio de Janeiro

O Fantástico teve acesso, com exclusividade, ao vídeo da delação de Ronnie Lessa. O ex-policial militar é um dos assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ronnie confessa o crime pela primeira vez e aponta os mandantes. Além disso, ele conta como foi o planejamento e qual seria o pagamento pela execução de Marielle. Veja no vídeo acima.

O matador Ronnie falou durante duas horas sobre o plano para assassinar a vereadora e como acreditou que a proposta criminosa seria o negócio da vida dele. “Não é uma empreitada, para você chegar ali, matar uma pessoa, ganhar um dinheirinho… Não”, afirmou.

Ronnie Lessa apontou quem seriam os mandantes: Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão. Segundo Lessa, como pagamento, eles ofereceram a ele e um de seus comparsas, o Macalé (apelido do ex-PM Edimilson de Oliveira) um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio, avaliado em milhões de reais.

“Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares. A gente não está falando de pouco dinheiro […] ninguém recebe uma proposta de receber dez milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa”.

Ronnie Lessa apontou aos investigadores, com uso de satélite, as supostas áreas onde seriam criados os loteamentos. No relatório das investigações, a Polícia Federal afirma que não foi possível encontrar evidências concretas de planejamento para ocupar a área.

Lessa não disse quando começaria a ocupação, mas que os irmãos Brazão prometeram que ele seria um dos donos do empreendimento criminoso. “Então, na verdade, eu não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Eu fui chamado para um sociedade”.

Segundo a delação, eles se reuniram três vezes. Na conversa, Marielle era citada pelos Brazão como um entrave para o esquema. A PF destacou que não conseguiu comprovar os encontros entre os três e, por falta de registros das operadoras anteriores a 2018, o que impediu o cruzamento de dados dos celulares dos envolvidos no período em que teriam acontecido os encontros.

A defesa de Domingos Brazão diz que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa e que não há provas da narrativa apresentada. Os advogados de Chiquinho afirmam que a delação de Lessa “é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades”. G1