Uma federação internacional especializada em identificar e prevenir vazamentos de petróleo causados por petroleiros foi procurada pelo governo brasileiro, mas ainda não conseguiu localizar a origem das manchas de óleo no Nordeste. O contato ocorreu no início da crise que já atinge mais de 180 localidades no Nordeste.

A Federação Internacional de Poluição por Petroleiros (ITOPF, na sigla em inglês) foi contatada pelo governo por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão internacional já investigou mais de 800 vazamentos causados por navios em 100 países diferentes nos últimos 50 anos.

Segundo o diretor técnico da ITOPF, o mais comum é que a organização seja chamada por donos de navios ou seguradoras de empresas de transporte quando ocorrem acidentes mas, como ainda não foram identificados os responsáveis pelas manchas no Nordeste, apenas o governo brasileiro poderia envolver a organização neste caso.

“A ITOPF não tem conhecimento da origem do vazamento. Nós simplesmente não temos ainda informações nesse sentido e eu sei que essa é a questão que todos gostariam de responder”, disse Richard Johnson.

Apoio internacional

Depois de procurada pelo Ibama a federação enviou técnicos de sua sede, em Londres, para o Brasil, onde estão atuando há algumas semanas. “Três técnicos do ITOPF estão trabalhando em conjunto com o Ibama e com a Marinha, ajudando a identificar o alcance e a gravidade desse incidente e oferecendo suporte sobre os melhores métodos e técnicas para limpar os locais afetados”, explica Johnson, biólogo e diretor técnico da federação.

“Em conjunto com as autoridades locais nós examinamos a costa, tanto em sobrevoos como no solo, e auxiliamos no centro de comando da Marinha.” Apesar disso, Johnson afirma que ainda não foi possível localizar a origem do vazamento. “Uma grande amostra de imagens de satélite foi analisada mas, apesar dos melhores esforços, a origem do óleo permanece desconhecida neste momento.”

Ação do governo

Desde o início do desastre, em setembro, o governo federal está sendo cobrado por ações em reposta às manchas de óleo. Nesta sexta-feira (18), o Ministério Público Federal (MPF) dos nove estados do Nordeste moveu uma ação conjunta pedindo que a Justiça Federal obrigue a União a acionar em 24 horas o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo, com multa diária de R$ 1 milhão em caso de descumprimento da ordem.

A Marinha do Brasil está atuando com ações de monitoramento, principalmente nos registros de navios na costa brasileira, e também na redução de danos, com iniciativas de limpeza de praias. Já o Ibama está catalogando as praias e os animais afetados, além de analisar imagens de satélite do oceano em busca de manchas de óleo.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apura quais unidades de conservação federais foram atingidas e também realiza ações de proteção da fauna em conjunto com o Projeto Tamar. A Polícia Federal do Rio Grande do Norte abriu inquérito para investigar a origem do vazamento.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobras também atuam na resposta ao desastre, com a retirada de toneladas de resíduos das praias e com análises laboratoriais feitas pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visitou estados atingidos pelas manchas nas últimas manchas, mas o presidente Jair Bolsonaro ainda não esteve na região desde o início da crise. G1