Agência Brasil

A médica Raffaelle Kasprowicz Barros, filha do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), atua desde 2018 na estatal farmacêutica Bahiafarma, na qual recebeu contratos firmados pelo pai. Ela chegou ao cargo 20 dias após a saída de Ricardo, que também é líder do governo Bolsonaro, do posto de ministro da Saúde, em março de 2018, na gestão de Michel Temer. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Em outubro, Raffaelle esteve em trabalho híbrido, cumprindo oito horas de trabalho na Bahiafarma durante um único dia na semana. Segundo a Folha de S. Paulo, em maio deste ano, a médica recebeu R$ 10 mil da Bahiafarma. Além disso, Rafaelle continua com as consultas numa clínica própria e é dona de uma escola particular infantil em Salvador.

Sua nomeação à Bahiafarma foi assinada por Ronaldo Dias, presidente da estatal na época, com relações com nomes investigados pela CPI da Covid, do Senado. Dias é primo de Roberto Ferreira Dias, ex-ministro da Saúde no governo Bolsonaro despedido após irregularidades na compra de vacinas.

Rafaelle Barros é responsável pela Farmacovigilância e Serviço de Atendimento ao Usuário da Insulina Humana fornecida ao Ministério da Saúde. Segundo a Folha, o contrato para produção de insulina foi assinado durante a gestão de Ricardo Barros e no momento está suspenso.

Para fornecer o medicamento, a Bahiafarma firmou parceria com uma empresa farmacêutica ucraniana, a Indar. Em 2019, o TCU (Tribunal de Contas da União) começou a investigar possíveis irregularidades com a Indar, na fabricação de insulina em laboratórios públicos brasileiros, dos quais destacam-se a Fiocruz e a Bahiafarma.

Em nota ao jornal paulista, Rafaelle Barros declara que seu cargo na estatal na Bahia não tem nada a ver com a influência de seu pai. “Eu sou médica endocrinologista, nutróloga e tenho mestrado em medicina e saúde. Atuei no Cedeba (Centro de Pesquisas de Diabetes do Estado da Bahia) e fui professora da Ufba. Fui selecionada por currículo”, disse à Folha.

Ricardo Barros defende que não há problemas com o contrato de trabalho da filha. “Ela foi contratada na Bahiafarma após sua saída do ministério, em abril de 2018, para disputar as eleições. Entrou na equipe para cooperar no desenvolvimento da insulina. Suas atividades são compatíveis com seu contrato, portanto, não há irregularidades”, afirmou a assessoria do deputado. A Tarde