EC Bahia

Neste sábado, véspera do jogo contra o São Paulo, pela Série A, o técnico Guto Ferreira completa um mês no comando do Bahia. Contratado para o lugar de Diego Dabove, ele chegou credenciado por um trabalho recente sólido no Ceará, além do conhecimento que tem acerca do futebol brasileiro e do próprio clube baiano, atributos considerados fundamentais para evitar o rebaixamento.

Guto iniciou com o pé direito a sua terceira passagem pelo Bahia. Sob o seu comando, a equipe ainda não perdeu: são quatro empates e duas vitórias. Em campo, o principal feito foi estancar a sangria daquela que chegou a ser a pior defesa do campeonato, com apenas um gol sofrido em seis partidas.

Mudanças de peça e esquema

Logo em sua estreia, na vitória por 2 a 0 sobre o Athletico, Guto mostrou o conhecimento que tem do elenco ao promover algumas mudanças importantes, como adiantar o contestado lateral Juninho Capixaba para a linha ofensiva e, consequentemente, promover o retorno de Matheus Bahia à equipe.

Patrick também recuperou o espaço no time, bem como Gilberto, que ficou no banco em algumas oportunidades para Rodallega, ainda na época de Diego Dabove. No ataque, com a lesão de Rossi, Raí Nascimento ganhou uma vaga no time e correspondeu com dois gols e uma assistência.

Como havia sido com Dado Cavalcanti e Dabove, Lucas Mugni continuou sendo uma espécie de ponto de equilíbrio do meio-campo tricolor. Com ele, o treinador consegue fazer variações no esquema, mas o desenho-base é o 4-2-3-1.

Série invicta e recuperação defensiva

Sob o comando de Guto, o Bahia alcançou a maior série invicta no campeonato, que ainda está em vigor. Foram seis jogos: triunfos contra Athletico e Chapecoense; e empates diante de Palmeiras, América-MG, Ceará e Juventude. O aproveitamento da equipe nesse recorte é de 55,5%.

A recuperação mais notável foi no sistema defensivo. O Bahia, que chegou a ostentar a pior defesa da Série A, ficou sem sofrer gol nos primeiros quatro jogos do treinador. Fora o gol sofrido no empate diante do Ceará, a defesa tricolor foi impecável.

A situação era tão crítica que o Tricolor ainda tem a segunda pior defesa do torneio: são 39 gols sofridos, contra 50 da Chapecoense. Athletico, com 37, Juventude, com 36, e Grêmio, com 35, completam o top 5.

Sempre que perguntado sobre a evolução defensiva, Guto destaca o papel coletivo, que começa desde os homens de frente. Na zaga, Conti e Luiz Otávio têm se destacado com muita imposição dentro da área.

Retomada da confiança

Nem tudo passa pelo campo de jogo. Uma parte importante do trabalho de um treinador passa por administrar o aspecto emocional dos atletas. Guto Ferreira construiu essa relação desde o primeiro contato com o elenco, com o objetivo de retomar a confiança do grupo.

Como enfrentou e foi derrotado pelo Bahia na final da Copa do Nordeste, o treinador usou o título conquistado por esse elenco para convencê-los de que a zona do rebaixamento não é o lugar da equipe. Isso se refletiu em campo.

Atletas sem espaço

Há duas semanas, o Bahia anunciou que quatro reforços contratados para a temporada não seriam utilizados no grupo principal: Matheus Galdezani, Óscar Ruiz, Pablo e Thonny Anderson. Além deles, Lucas Fonseca entrou na lista e negocia a rescisão com o clube – Galdezani já deixou o Tricolor.

A justificativa de Guto foi simples e objetiva: ele não tem tempo para recuperar jogadores. Os afastados não renderam o esperado, inclusive o paraguaio, jogador que custou maior investimento do clube.

Jovens “com fome”

Uns saem, outros chegam. O treinador tricolor decidiu apostar em jogadores “com fome”, aqueles das equipes sub-20 e do time de transição, que estão sedentos por espaço. É o caso de Ronaldo, que ganhou a oportunidade de ser titular no empate com o Juventude, além de Douglas Borel, estreante na Série A. Raniele é outro jogador que tem ganhado espaço na equipe.

– Posso contar com alguns meninos cheios de fome para ajudar o Bahia. Se eles entrarem e conseguirem produzir. Estavam jogando sub-23 e sub-20, estavam em um ritmo maior do que os jogadores que estavam no plantel. Isso também faz diferença para um tiro rápido. Eu não tenho tempo de recuperar jogador – afirma o técnico.

Elenco sem profundidade

A utilização de garotos da base e o afastamento de “medalhões” em meio à luta contra o rebaixamento escancaram o planejamento equivocado feito pela diretoria tricolor para a temporada. Contra o Juventude, com os desfalques de Nino, Matheus Bahia e Lucas Mugni, Guto Ferreira se viu com opções reduzidas e teve dificuldade para montar e substituir o time. Não à toa, foi a pior atuação da equipe sob o seu comando.

Defendendo a sequência invicta, o Bahia de Guto Ferreira entra em campo neste domingo para enfrentar o São Paulo, em jogo marcado para 18h15 (horário de Brasília), na Arena Fonte Nova. Globoesporte