O hospital de campanha de Feira de Santana, a cerca de 100 quilômetros de Salvador, abriu, na última terça-feira (7), oito novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com isso, a unidade passa a contar com 18 leitos de UTI, além de 40 clínicos que não foram ampliados. Até a manhã desta quarta-feira (8), o hospital tinha ocupação de 10 leitos de UTI, além de 35 dos 40 clínicos.

A cidade também dispõe de outro hospital de referência, o Clériston Andrade, que tem ocupação total dos seus 10 leitos de UTI. Também existe a expectativa pela entrega do Hospital Geral Clériston Andrade 2, pelo governo do estado, que vai abrir 40 novos leitos de UTI. Em transmissão na internet realizada na última terça, o governador do estado, Rui Costa, informou que a unidade depende apenas da instalação do sistema de ar condicionado. Não foi definida uma data para abertura.

“Tivemos atraso na entrega de equipamento do ar condicionado. É uma máquina enorme. Saiu de Santa Catarina. Você deve ter visto o temporal que atingiu Santa Catarina. Chegou aqui no domingo (5). Hoje (terça-feira) falei com empresa que está fazendo instalação, que disse que ia ligar o equipamento e precisa de alguns dias para equilibrar e fazer testes. Nós não podemos apressar para fazer mal feito. Eu não vou fixar data, porque eu fixo data do que tenho que fazer pessoalmente. O hospital está pronto, as máquinas estão lá. O hospital está todo montado. Último equipamento que faltava era ar condicionado, que chegou domingo, e essa semana vão fazer ajustes. Serão 40 leitos novos. Já tínhamos emprestado respiradores e tomógrafo”, disse o governador.

O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, avaliou, nesta quarta, a situação dos leitos disponíveis na cidade. “Aumentamos 80% dos leitos de UTI, que são os leitos mais procurados. Os leitos clínicos, que são 50, ontem tínhamos 29 ocupados. De qualquer forma, estamos fazendo internação mais precoce e esses leitos vão ser ocupados. Nós esperamos que o estado abra o seu hospital, o Clériston Andrade 2, para que possamos ter uma quantidade maior e segurança maior para aquelas pessoas que precisam internar”, disse o prefeito.

Pico da doença

De acordo com o último boletim divulgado pela prefeitura de Feira de Santana, na terça-feira, a cidade contabiliza 4.534 casos confirmados da Covid-19, com 2.177 pessoas recuperadas e 73 óbitos. Já Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), também na última terça, informou que Feira de Santana é o segundo município do estado com mais pessoas contaminadas pela doença, atrás apenas de Salvador. Coordenadora do Comitê Municipal de Controle ao Coronavírus, Melissa Falcão acredita que a cidade chegou ao pico da doença.

“Nós já temos quatro meses do primeiro caso na cidade. Tivemos dois meses mais brandos. Os últimos dois meses, tivemos a ascensão progressiva e, diante do aumento acentuado que tivemos, sobrecarga nas unidades de saúde e o pico esperado para final de junho e início de julho, a gente acredita que, realmente, tenha acontecido esse pico agora. Mas as pessoas não podem confundir. Atingir o pico não quer dizer que os casos vão começar a reduzir. Pode acontecer um platô e um número aumentado de casos por um período indeterminado. Ainda teremos aumento do número de casos na cidade independente desse pico ter acontecido ou não”, afirmou.

Na última sexta-feira (3), dia de divulgação do último balanço de profissionais de saúde infectados em Feira de Santana, a cidade contabilizava 379 trabalhadores da área acometidos pela Covid-19. Melissa Falcão lamentou a situação.

“O número de profissionais de saúde acometidos é alto na cidade, assim como em todo país. Os médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiras, estão mais expostos pelo contato com pacientes infectados e nos deixa tristes as notícias de óbitos: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem. Além de lidar com a sobrecarga de trabalho, tem a parte emocional, medo de adquirir e transmitir para os seus funcionários”, afirma Melissa.

A coordenadora do Comitê de Controle de Feira de Santana também negou que faltem equipamentos de proteção para os profissionais de saúde. “Não chegou ao meu conhecimento falta de EPI. As unidades municipais não tiveram falta de EPIs, as unidades privadas também. Não trabalho nas unidades do estado, mas acredito também que não estejam com essa falha de EPI. O que acontece, muitas vezes, é que a pessoa quer usar EPI que não é necessário naquele momento, como a máscara N-95, que está mais em falta e que deve ser usada só nos procedimentos de entubação”, explicou.

Comércio fechado

Em Feira de Santana, está em vigor, até o dia 13 deste mês, o decreto que prevê fechamento do comércio não essencial. Com isso, shoppings, galerias, mercados de arte e a zona comercial do Feiraguay não podem operar. A determinação foi publicada na última terça-feira (7), quando a gestão municipal informou que 100% dos leitos de UTI dedicados à Covid-19 estavam ocupados e a taxa de ocupação dos leitos clínicos era de 56%.

A decisão por fechar novamente o comércio aconteceu dias após a flexibilização do funcionamento dos estabelecimentos não essenciais, a exemplo de shoppings, que chegaram a ser liberados para operar no mês de junho. G1