Foto: Márcio Reis /Ag Haack

Integrantes do bloco “As Muquiranas” fizeram um ato contra o assédio, em frente a sede do grupo, neste domingo (26), no Centro de Salvador. A convocação aconteceu após uma mulher ser encurralada e agredida durante o desfile do bloco.

Na sexta-feira (24), dois deputados baianos enviaram Projetos de Lei (PL) à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) para que o uso de pistolas d’água seja banido no carnaval de Salvador e outras festas populares da Bahia.

Esse objeto é usado tradicionalmente pelos integrantes do bloco no desfile do trio. Os projetos que têm o objetivo de banir a pistola d’água dos eventos são da deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) e do deputado estadual Samuel Júnior (Republicanos). É comum mais de um deputado apresentar projetos parecidos, que podem ser unificados. No entanto, não há detalhes se há diferenças entre eles.

Através das redes sociais, Olívia disse que as autoridades precisam tomar providências para que seja dado “um basta nas brincadeiras misóginas”. Ainda através das redes, a parlamentar reforçou: “Chega de machismo recreativo, como acontece no bloco ‘As Muquiranas’. Molhar o cabelo, a roupa para transparecer os seios e partes íntimas das mulheres não é engraçado. É humilhante”.

Defensorias questionam o bloco

A Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) enviaram um ofício, nesta sexta, pedindo o posicionamento e esclarecimentos do bloco sobre o caso. As instituições deram um prazo de 10 dias para resposta e, a partir dela, avaliarão as medidas a serem adotadas. Por meio do ofício, os seguintes questionamentos foram feitos:

  • Qual o posicionamento do Bloco “As Muquiranas” sobre o uso das armas plásticas de água pelos associados? Há algum tipo de proibição de ingresso no bloco com esse tipo de artefato?
  • Quais são as campanhas educativas realizadas pelo bloco “As Muquiranas” e o que se pretende combater com essas campanhas? Qual avaliação que a entidade faz sobre as ações educativas realizadas? Há uma avaliação de que o bloco precisa investir mais em campanhas pedagógicas? Caso positivo, há algum plano de ação para isso? Se possível, apresentar o plano.
  • Qual avaliação que o bloco faz em relação ao controle e identificação dos seus integrantes? Nesse aspecto, além do cadastro, o bloco avalia implementar alguma outra forma de identificação dos associados? O bloco toma ou já tomou alguma medida administrativa disciplinar em relação aos integrantes que são identificados em atitudes de assédio?
  • No contrato firmado com os associados há algum tipo de previsão de cláusula anti-assédio? .

As defensorias destacam ainda que a Bahia ocupa o 4º lugar no ranking de casos de violência de gênero e que “episódios de importunação sexual, com ou sem o uso de artefatos de plástico, se repetem anualmente durante a passagem do bloco, manifestando práticas machistas que não mais podem ser toleradas pela sociedade”. G1