Foto: Ricardo Stuckert

A campanha presidencial de Lula (PT) comemora a reaproximação entre Lula e Marina Silva (Rede) após encontro dos dois no último domingo (11). Na oportunidade, Marina entregou a Lula propostas para o Meio Ambiente e os dois voltam a ter agenda conjunta nesta segunda (12).

O acordo vinha sendo costurado há muitos meses – e tinha como um dos principais entusiastas Fernando Haddad que, inclusive, queria Marina como vice de sua chapa ao Palácio dos Bandeirantes. Agora, com um acordo próximo de ser selado com a campanha de Lula, o comitê petista comemora o “simbolismo” do que chamam “novo efeito Alckmin”, ou seja, mais uma sinalização de que a chapa Lula-Alckmin é uma chapa ao centro, com tom moderado.

Marina e o PT não só romperam no passado como estavam em lados opostos em 2014. Marina chegou a declarar voto em Aécio, em 2014, contra Dilma Rousseff – sua desafeto no governo Lula. Marina também foi alvo de uma campanha violenta de desconstrução de imagem por parte da campanha de Dilma em 2014, com fakenews de que o brasileiro passaria fome se a autonomia do Banco central fosse aprovada. Desde então, as relações com o PT estavam estremecidas.

Ela também negou ser vice de Haddad agora. Por isso, a aproximação de Lula com Marina será explorada como uma mensagem de que os divergentes se unem para derrotar o bolsonarismo: esse será o principal recado do acordo.

O Comitê de Lula não sabe se o acordo renderá votos, mas comemora pois a presença de Marina ao lado de Lula pode constranger também a tática de Bolsonaro de tentar desgastar Lula junto a evangélicos – uma vez que Marina, embora não explore a religião politicamente, é da Assembleia de Deus e isso é visto como um ativo na reta final pelo QG de Lula.

Além de atrair outro grupo de eleitores, a entrada de Marina na campanha do PT é comemorada internamente como uma vitória simbólica. O PT avalia que a presença de Marina pode minar a guerra religiosa feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra Lula porque ela é respeitada entre os evangélicos- e mulher.

Pedido por voto útil

A campanha de Lula vai começar a bater na tecla de que votar em Ciro Gomes (PDT) é colocar Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial. Com a estratégia, a ideia é atrair artistas que declararam voto em Ciro para conseguir convencer o maior número possível de eleitores dele a adotar o voto útil desde já.

Um cientista político ouvido pelo blog lembra que um candidato que não tenha chance de ganhar tende a ter menos votos do que previsto pelas pesquisas de intenção de voto feitas antes da eleição. O exemplo é Geraldo Alckmin, então no PSDB, que no Datafolha do dia 6 de outubro, às vésperas da eleição, teve 7% das intenções de voto, mas teve 5% de votos no 1º turno.

Haddad beneficiado

A adesão da Marina Silva na campanha de Lula também é comemorada no PT como uma vitória para Fernando Haddad, candidato ao governo de São Paulo. Marina chegou a ser convidada para ocupar o posto de vice do petista na disputa, mas declinou e optou por sair candidata à deputada federal pela Rede.

O acordo com Lula a reaproxima da campanha estadual, e coloca ao lado de Haddad um terceiro ex-presidenciável – além de Marina, Geraldo Alckmin (PSB) e Guilherme Boulos (Psol). Por Andreia Sadi/g1