O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou, nesta segunda-feira (18), que acompanha o caso do jovem Daniel da Cruz de Jesus, de 24 anos, morto na cidade de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que rendido, ele foi alvo de três tiros, por um policial militar.

De acordo com o órgão, a instauração do inquérito policial militar foi comunicada formalmente ao órgão nesta segunda.

A versão oficial apresentada pela Polícia Militar, de que os agentes de segurança foram recebidos a tiros, contradiz as imagens. A família de Daniel fez um protesto pedindo justiça, no sábado e nesta segunda.

No domingo (17), a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que o caso também é acompanhado pela Corregedoria Geral.

O jovem foi morto na sexta-feira (15). As imagens mostram o momento em que Daniel passava pela rua, quando um carro com os policiais se aproximou dele. O veículo não tinha caracterização da polícia. Dois PMs desceram do carro armados.

No vídeo, é possível ver que o homem colocou as mãos na cabeça quando a abordagem começou. Logo depois, são ouvidos três disparos feitos na direção dele por um dos policiais.

Nota da PM contradiz imagens

A nota da PM afirma que a equipe fazia rondas e, quando tentou abordar o jovem, “foi recebida a tiros”. Essa versão não condiz com as imagens registradas pela câmera de monitoramento. Além disso, o carro em que os militares estavam não tinha identificação de viatura.

A polícia diz, ainda, que houve um revide e que Daniel foi “atingido, desarmado e socorrido imediatamente ao Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, mas não resistiu”.

Também na nota, a polícia diz que uma arma de fogo e um vasto material de drogas, como crack, maconha e cocaína foram apreendidos com Daniel.

Na mesma nota que contradiz as imagens, a PM afirma que o comandante do 14º Batalhão “determinou a instauração de um inquérito policial militar, a fim de apurar as circunstâncias do fato, devendo ser concluído em um prazo de 40 dias”.

O texto informa, ainda, que as armas dos policiais foram recolhidas, e que serão periciadas. Durante a tarde de sexta, os familiares de Daniel fizeram um protesto, com pedidos de justiça, em frente ao Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde o corpo era periciado.

O tenente coronel Edmundo Assemany Júnior, comandante do 14º Batalhão de SAJ, afirmou que os policias faziam rondas na região com viaturas padronizadas e despadronizadas. Ele informou que, após os disparos, Daniel foi socorrido para o Hospital Regional, mas não resistiu aos ferimentos.

“Os policiais registraram ocorrência na delegacia, como previsto na lei. Determinamos a instauração de um inquérito policial militar, que tem prazo de 40 dias e pode ser prorrogado por mais 20 dias. Ao final da apuração, esperamos esclarecer todos os fatos ali ocorridos”, explicou.

Edmundo Assemany também confirmou que os policiais que aparecem no vídeo continuam trabalhando para a Polícia Militar.

“Os policiais seguem no serviço, eles vão fazer uma parte do serviço administrativo. O indivíduo Daniel era contumaz na prática de tráfico de drogas na região, tinha diversas passagens policiais, esperamos esclarecer todos os fatos ocorridos”, afirmou Assemany. G1