O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou nesta quarta-feira (8) que a empresa Suzano e a direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) devem se reunir para chegar a um acordo e encerrar as ações contra fazendas de eucalipto da empresa em três cidades do extremo sul da Bahia. Teixeira deu a declaração ao deixar um encontro de mediação do conflito com representantes da empresa e do movimento, além de integrantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Ministério da Indústria e Comércio e do governo do estado da Bahia.

“Houve uma negociação em 2011 entre as partes – eram três empresas, que foram depois incorporadas pela Suzano, e o MST. Esse diálogo aconteceu até 2016 e foi interrompido. Hoje, foi retomado”, disse. Sem dar detalhes do acordo firmado anteriormente, o ministro afirmou que a empresa e o MST devem fazer, ainda nesta semana, uma reavaliação das obrigações firmadas. Na próxima quinta (16), devem se reunir novamente no ministério para tentar construir um novo acordo.

“Criamos uma mesa de negociação. Essa mesa de negociação terá a sua primeira reunião no dia 16 de março, aqui no ministério. Até lá, as partes vão estudar os termos daquele acordo, que foi firmado, para atualizar”, declarou. A mediação foi conduzida pela ex-juíza federal Claudia Dadico, que chefia de o departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários da pasta

O MST desocupou na última terça (7), por determinação da Justiça, as áreas da empresa nas cidades baianas de Caravelas, Teixeira de Freitas e Mucuri. Antes do encontro, o movimento afirma que, mesmo com a saída dos locais, as famílias mantinham a “disposição para seguir na luta, para que seja reconhecido o direito constitucional da execução da Reforma Agrária”.

Segundo o MST, as ocupações, iniciadas no último dia 27, tinham o objetivo de denunciar o descumprimento de um acordo para o assentamento de famílias, firmado com a empresa em 2011. A Suzano afirma que não houve quebra no acordo e que aguarda o término dos processos do Incra para a conclusão. Diz também que as ocupações foram ilegais e que as áreas eram produtivas. A empresa ainda havia condicionado, segundo o ministério, o retorno das negociações com o MST à desocupação das áreas.

Em declaração à imprensa, Paulo Teixeira afirmou que tanto o MST quanto a Suzano terão o respeito à propriedade privada como Norte das negociações. “Todos queremos paz no campo”, disse. “Queremos reafirmar os termos daquele acordo feito em 2011 e atualizado em 2015. Evidentemente, precisa ser atualizado, mas queremos reafirmar que as partes querem cumprir”, concluiu. G1