Superintendente da Polícia Federal (PF) no Paraná, o delegado Luciano Flores criticou a repercussão em torno da negativa do pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que ele pudesse acompanhar o velório de seu irmão Vavá, em São Bernardo do Campo (SP). De acordo com Flores, o pedido foi negado apenas por “razões logísticas”.

“Eu não entendi a polêmica. Não entendi qual foi a parte que não entenderam que simplesmente não era possível e não dependia da boa vontade de ninguém. Apenas não havia condições logísticas e policiais suficientes para garantir a segurança do próprio conduzido e dos agentes empregados numa grande operação policial que seria para efetivar um pedido como esse”, justificou o delegado. Segundo informações do UOL, a declaração de Flores foi feita na manhã desta última quinta-feira (31), em coletiva da força-tarefa da Lava Jato sobre a 59ª fase da operação.

Genival Inácio da Silva, o Vavá, faleceu na terça (29), vítima de um câncer no pulmão. Os advogados do ex-presidente, então, pediram autorização para que ele pudesse sair da sala especial, onde está preso desde abril do ano passado, e pudesse assistir ao velório, mas a PF negou o pedido.

De acordo com o UOL, Flores explicou que os helicópteros que poderiam ser utilizados na transferência do ex-presidente foram deslocados para atender as vítimas da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais — o rompimento de uma barragem da empresa Vale, na última sexta (25), provocou a morte de pelo menos 99 pessoas e 252 estão desaparecidas.

“Imagine se nós usássemos uma aeronave particular, emprestada por alguém não se sabe quem, conduzida por um piloto que não se sabe quem ou o que está passando pela cabeça, conduzindo um ex-presidente da República com policiais federais armados”, disse Flores. “Quem garante que ele vá para o destino que ele deveria ir?”, completou o delegado.

Outra preocupação apontada por ele era a provável concentração de manifestantes, pró e contra Lula, em torno do cemitério no município paulista.

Após a negativa da PF, a defesa do petista entrou com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), que foi aceito pelo presidente da corte. No entanto, já não havia tempo hábil de Lula se deslocar de um lugar a outro a tempo de se despedir do irmão. Com isso, ele também preferiu não viajar para se encontrar com o resto da família.

Após ser condenado em primeira e segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente cumpre pena de 12 anos e um mês na prisão em Curitiba. Foto: Reprodução / Agora MS