EC Bahia

Quem vê Nino Paraíba despontando no futebol brasileiro pode nem imaginar a dificuldade que o lateral-direito passou. Antes de virar jogador, ele era vaqueiro e ganhava 30 reais por quinzena para cuidar dos gados, em Rio Tinto, no litoral da Paraíba. Um dos destaques do Bahia, o camisa 2 relembra os tempos de dificuldade vividos na carreira e, de férias, faz a projeção para a próxima temporada pelo clube de Salvador.

Campeão baiano neste ano, o Bahia terminou a temporada na parte intermediária da tabela do Brasileirão. O 11º lugar garantiu a equipe na Copa Sul-Americana. Mesmo assim, Nino Paraíba espera novos tempos em 2020. Ele viveu o melhor ano da carreira vestindo a camisa do Esquadrão de Aço comparado a 2018, quando chegou no time. Foram 51 jogos e três gols marcados, um deles contra o Vasco, em São Januário.

  • O nosso grupo que ficou todo mundo já se conhece e isso conta muito. Tenho mais um ano de contrato. Espero que o ano que vem seja abençoado. Melhor do que esse ano em nome de Jesus. Seja uma temporada melhor do que foi essa – projetou.

Com o nome de batismo Severino de Ramos Clementino da Silva, ele começou a carreira na Desportiva Guarabira, na Paraíba, em 2005. Antes chegou a ser dispensado da base do América-RN e não conseguiu ter uma chance no Botafogo-PB para jogar a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Nino acumula passagens por Náutico, Sousa, Campinense, Vitória, Avaí e Ponte Preta.

Os primeiros passos foram em um time da cidade natal. Margarida (in memorian) quem comandava a equipe e tinha como sonho ver o garoto despontar. Mas Nino Paraíba lamenta por ela não tê-lo visto atuando pela televisão.

  • Era o sonho dela ver eu jogar e não conseguiu me ver na TV. Era o sonho dela. Mas graças a Deus eu consegui chegar e realizar o meu sonho. Tudo foi através dela. Sempre dando força para não desistir. Nunca esqueço deles. Principalmente Marcelo que está conosco. Me ajudaram a conquistar, primeiramente a Deus, e segundo a eles.

Desistir até surgiu no vocabulário. Afinal, a vida de Nino Paraíba era difícil com uma rotina intensa. Trabalhava quase o dia inteiro como vaqueiro ganhando 60 reais por mês.

  • Eu saia de 5h da manhã para levar o gado no pasto e voltava. Chegava em casa, tomava café, e saia para buscar o capim. Voltava por volta de meio-dia. Quando dava umas 15h colocava o capim na cocheira e depois ia buscar o gado de novo. Depois já fim da tarde seguia para o campo bater uma bolinha. Fazia tudo isso e ganhava 60 reais por mês. Mas graças a Deus tive a oportunidade de jogar e chegar onde estou hoje. Deus mudou a minha história. Saí de uma cidade do interior, pequena e humilde.

Com a inspiração nas dificuldades do passado, Nino Paraíba vai continuar em busca de fazer mais história no Bahia. Em 2020 segue a luta. Globoesporte