O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou no início da madrugada desta quarta-feira (24) que o governo precisa participar mais da articulação política para garantir a aprovação da reforma da Previdência. Para Maia, o Poder Executivo “não pode se omitir” e ainda está “um pouco desorganizado”.

Maia deu a declaração em entrevista à GloboNews, logo após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ter aprovado a admissibilidade da reforma, ou seja, dar aval à tramitação da proposta. A partir de agora, caberá a uma comissão especial discutir o tema e, depois, ao plenário da Câmara.

“A gente sabe que o governo ainda é um pouco desorganizado aqui. Nós organizamos de uma forma onde demonstramos hoje que há responsabilidade na reforma da Previdência. Foi um resultado importante, um resultado que mostrou uma afirmação da Câmara dos Deputados em relação a essa matéria”, afirmou Rodrigo Maia na entrevista.
“Mas, daqui para frente, a gente precisa do governo. A gente precisa que o governo dialogue, que o governo participe mais e que o governo tenha o que cada um dos deputados teve aqui, muita energia e muita vontade de aprovar esse tema, que vai garantir no futuro o pagamento das aposentadorias dos brasileiros”, acrescentou o presidente da Câmara.

Comissão especial nesta semana

De acordo com Rodrigo Maia, a comissão especial pode ser instalada já nesta semana, mas, para isso, os líderes partidários precisam indicar os representantes.

Sobre os votos que o governo precisa para aprovar a reforma nas próximas etapas, disse que o Poder Executivo ainda precisa montar a base aliada.

“Hoje, o governo não tem votos para aprovar nem essa matéria e nem nenhuma outra matéria polêmica. […] A gente precisa que o governo tenha uma base. […] Nós vivemos numa democracia e a decisão de hoje reafirma nossa democracia: a Câmara forte, a Câmara votando independente do governo. Mas chega uma hora que é fundamental o governo participar. O governo não pode se omitir numa votação tão importante como essa. Só encaminhar o projeto não resolve o problema”, acrescentou o presidente da Câmara, em outro trecho da entrevista.

Questionado, então, se o governo se omitiu, respondeu: “O governo se omitiu basicamente tirando a participação do [ministro] Onyx, tirando um pouco a participação do presidente, sempre do lado negativo, dizendo ‘eu sou contra, mas sei que o Brasil quebra’. Queremos que ele entenda que, se ele representa os 200 milhões de brasileiros, que se ele aprovar a Previdência vai garantir a aposentadoria para os brasileiros e emprego para os brasileiros. Ele precisa ter certeza que a aprovação da reforma da Previdência é boa para o Brasil, para os brasileiros.” G1