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Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta última sexta-feira (7), apontou que, em 2019, a Bahia foi o estado brasileiro com maior índice de adultos vítimas de violência física. Segundo dados do quinto volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) sobre acidentes, violência, doenças transmissíveis, atividade sexual, características do trabalho e apoio social, 6,1% das pessoas acima de 18 anos no estado foram vítimas de violência física, nos 12 meses que antecederam a pesquisa. A PNS foi realizada pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020.

Com relação a violência física, além da Bahia, os estados com maior índice foram Sergipe (5,8%), Roraima (5,5%), Pará (5,4%) e Piauí (5,3%). Ainda segundo a pesquisa, um a cada cinco adultos foi vítima de algum tipo de violência (física, psicológica ou sexual) na Bahia, o que totaliza cerca de 2,4 milhões de pessoas ou 21,8% da população acima de 18 anos. O índice colocou o estado em terceiro lugar no país, atrás de Sergipe (24,9%) e Roraima (22,3%). O índice nacional ficou em 18,3%.

Na Bahia, a incidência de algum tipo de violência, no período pesquisado, foi maior entre as mulheres (23,3% informaram ter sido vítimas) do que entre os homens (20,1% informaram, o segundo maior percentual entre os estados). Também foi mais frequente entre os jovens (atingindo 35,6% das pessoas de 18 a 29 anos), O índice diminui com o avanço da idade, chegando à menor incidência entre os idosos de 60 anos ou mais (14% haviam sofrido violência).

Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, sofrer violência, na Bahia, foi significativamente mais comum entre as pessoas que se declaravam pretas (27,5%, maior percentual do Brasil) do que entre as pardas (19,5%) e as brancas (20,1%). Era mais frequente ainda entre as pessoas com menor renda domiciliar per capita (27,2%, na faixa de rendimento até 1/4 do salário mínimo).

A pesquisa apontou ainda que pouco mais de uma em cada 10 pessoas que sofreram algum tipo de violência na Bahia, entre 2018 e 2019, deixou de realizar suas atividades habituais em decorrência disso: 14,3% das vítimas ou cerca de 349 mil pessoas, em números absolutos. O percentual foi levemente superior ao nacional (12,2%) e o oitavo entre os estados.

Em 2019, Bahia foi o estado com maior índice de adultos vítimas de violência física — Foto: Divulgação/IBGE

Dentre os tipos de violência, a psicológica foi a mais informada tanto na Bahia quanto no Brasil, nos 12 meses anteriores à pesquisa. No estado, 20,4% dos adultos (1 em cada 5 ou 2,3 milhões de pessoas de 18 anos ou mais de idade) informaram ter sofrido violência psicológica. O percentual baiano foi o terceiro maior do Brasil, onde 17,4% dos adultos disseram ter vivido esse tipo violência entre 2018 e 2019 (27,6 milhões de pessoas). Ficou abaixo, mas próximo, dos verificados em Sergipe (23,9%) e Roraima (21,4%).

Na Bahia, a violência psicológica também foi mais informada pelas mulheres (22,3% frente a 18,3% dos homens); pelos mais jovens (31,1% das pessoas entre 18 e 29 anos, frente a 9,9% dos idosos); pelas pessoas pretas (25,6% frente a 18,2% das pardas e 19,2% das brancas) e por quem tinha menor renda domiciliar per capita (25,9% daquele sem rendimento ou com até 1/4 de salário mínimo).

A violência física, no período pesquisado, teve índice muito menor tanto na Bahia quanto no Brasil como um todo, mas o estado ficou com a maior proporção de vítimas desse tipo de agressão no país. Além de ter tido a maior incidência de violência física do país, a Bahia teve ainda o segundo maior número absoluto de vítimas (681 mil), abaixo apenas do verificado em São Paulo, onde 1,5 milhão de adultos sofreram violência física (4,2% do total). No país como um todo, 4,1% dos adultos (6,6 milhões de pessoas), informaram ter sofrido violência física entre 2018 e 2019. As menores proporções ocorreram na Paraíba (2,7%), no Acre (2,8%) e em Santa Catarina (3,1%).

Já a violência sexual foi a menos informada. Entre 2018 e 2019, 1,1% das pessoas de 18 anos ou mais de idade na Bahia (cerca de 121 mil) disseram ter sido vítimas desse tipo de agressão. Ainda assim, a proporção no estado estava um pouco acima da nacional (0,8% ou 1,2 milhão de adultos) e ficava em quarto lugar, empatada com as verificadas no Distrito Federal e no Ceará. Piauí (1,4%), Maranhão (1,4%) e Sergipe (1,3%) lideravam, enquanto Minas Gerais (0,4%), Santa Catarina (0,4%) e Rio Grande do Sul (0,4%) tinham as menores incidências. A PNS apontou ainda que, na Bahia, uma em cada 10 mulheres adultas (9,4% ou 554 mil) já foi vítima de violência sexual alguma vez na vida.

A pesquisa do IBGE destaca ainda que, se o período de ocorrência da violência sexual for ampliado para qualquer momento da vida, o percentual de vítimas sobe consideravelmente. Na Bahia, 7,0% das pessoas de 18 anos ou mais de idade afirmaram ter sofrido violência sexual alguma vez na vida (776 mil). É o quinto maior percentual entre os estados, no período da pesquisa, e superior ao nacional (5,9%). Maranhão (7,7%), Espírito Santo (7,5%) e Roraima (7,2%) tinham as maiores proporções, enquanto Alagoas (3,7%), Santa Catarina (3,8%) e Pernambuco (4,3%) tinham as menores.

O número absoluto de mulheres vítimas de violência sexual (554 mil) era 71,5% do total do estado, ou seja, 7 em cada 10 pessoas que alguma vez na vida sofreram violência sexual na Bahia eram mulheres. Além de ser predominantemente feminina, a violência sexual em algum momento da vida também atingia predominantemente os jovens (11,5% das pessoas de 18 a 29 anos informaram ter sido vítimas), pessoas com nível superior completo (8,3% foram vítimas) e quem declarava cor preta (9,3% foram vítimas).

A PNS destacou ainda que, no Brasil, o principal agressor citado nos três tipos de violência é o cônjuge, companheiro(a), namorado(a) ou ex-namorado(a) das vítimas. E o lugar onde a violência mais ocorre é a própria residência da vítima. Esse cenário é ainda mais frequente quando a agressão é sofrida por mulheres. Cônjuge, companheiro(a) ou namorado(a) (inclusive ex) foram os principais agressores citados por quem sofreu violência psicológica: em 24,5% das respostas, sendo 32,0% entre as vítimas mulheres e 14,7% entre as vítimas homens. G1