Agência Brasil

A Polícia Federal abriu novas frentes na apuração que mira a gestão de Braga Netto. Os desdobramentos ocorrem após os investigadores mapearem a atuação de militares da reserva na intermediação de contratações milionárias.

Informações coletadas pela PF indicam que as suspeitas de irregularidades em contratos assinados pela gestão de Braga Netto extrapolam o caso da compra de coletes balísticos alvo da operação Perfídia, que investiga o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL).

Os investigadores ainda analisam R$ 1,2 bilhão em contratações e cruzam os dados com informações das quebras de sigilo e materiais apreendidos na operação, mas já encontraram indícios de irregularidades em contratos de R$ 17,5 milhões para compra de blindados que sequer foram utilizados pela intervenção e ficaram com o Exército.

Um novo inquérito deve ser instaurado sobre o caso. Por um lado, os desdobramentos da apuração devem colocar ainda mais pressão sob a possível candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio pelo PL. Por outro, apontam para desvios envolvendo militares no Rio, quando o governo Lula (PT) estuda novamente o uso das Forças Armadas na segurança do estado. O general Braga Netto disse que os contratos da intervenção seguiram trâmites legais.

Ele foi nomeado interventor pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). Depois, virou ministro do governo Bolsonaro e foi vice na chapa de reeleição do ex-presidente que acabou derrotada. Durante a intervenção, os militares compraram 16 blindados Lince K2 de uma empresa ligada ao Ministério da Defesa da Itália. Eles nunca foram utilizados pelas forças de segurança do Rio e acabaram enviados para o Exército após a compra.

A PF apura se houve desvio de finalidade na contratação desses blindados, uma vez que a verba de R$ 1,2 bilhão tinha como objetivo melhorar a segurança do Rio, e não equipar as Forças Armadas.

Além disso, a PF investiga se, assim como no caso dos coletes balísticos, ocorreu o mesmo modus operandi sob investigação: a participação de empresas ligadas a militares da reserva na intermediação dos negócios.

Segundo a PF, o general Paulo Assis vendeu influência sobre Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão e Braga Netto para tentar destravar a contratação milionária de coletes. Embora a intervenção tenha acabado em dezembro de 2018, a maioria dos valores empenhado e contratações foram executadas posteriormente.

Já Robson Queiroz, que foi subordinado por mais de dois anos a Braga Netto, recebeu R$ 25 mil da empresa investigada sob suspeita de corrupção na compra dos coletes pela intervenção no Rio.

Investigação – O TCU (Tribunal de Contas da União) já analisou as compras da intervenção federal e apontou que os blindados na mira da PF serviram para equipar o Exército, mas não para o uso cotidiano das polícias do Rio —ainda que a verba tivesse essa finalidade.

O tribunal concluiu que houve “falha de planejamento que prejudicou a segurança pública” do estado após a intervenção. O órgão, porém, não considerou que houve irregularidade.

O TCU disse que os blindados só podem reforçar ações nas ruas do Rio em caso de operação GLO (Garantia da Lei e da Ordem). “O que atende às necessidades pontuais e emergenciais do Rio de Janeiro, mas não ao patrulhamento contínuo e às operações diárias de competência das forças policiais do estado”, afirmou. Bahia.Ba