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A Polícia Federal (PF) está investigando o rastreamento ilegal de celulares feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). De acordo com a PF alguns servidores da gestão do ex-presidente da república, Jair Bolsonaro (PL), teriam se aproveitado dos sistemas de GPS para fazer o rastreio de celulares sem nenhuma autorização judicial. De acordo com Christian Perrone, coordenador geral de Direito e de Tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, ‘o simples engana’.

A fala do coordenador acontecer em entrevista ao Podcast O Assunto, de Natuza Nery, no G1. Estamos tratando de dados de localização. Eles parecem dados bastante inocentes, mas a realidade é que a partir desses dados a gente consegue aferir uma série de coisas: desde o dia a dia das pessoas até dados especialmente sensíveis, como, por exemplo, a religião de alguém”, destacou Perrone.

Na ocasião, Christian Perrone também citou quais dados sensíveis esse rastreamento poderia levantar. Segundo o coordenador, para tal iniciativa seria preciso ‘ter uma justificativa muito clara e um interesse público muito importante’ para ‘invadir’ a intimidade das pessoas dessa forma. Christian ainda indicou que essa situação poderia causar problemas para as instituições democráticas brasileiras.

Até questões fundamentais das instituições do estado democrático de direito estão tratadas aqui”, concluiu o coordenador Christian Perrone. Vale lembrar que, até a última sexta-feira (20), a PF conseguiu fazer um levantamento de poucos acessos ilegais. Naquele momento foram apenas cerca de 1,8 mil dos 33 mil. O detalhe é que na lista consta um homônimo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Para a investigação, isso pode indicar que o ministro pode ter sido alvo do esquema ilegal de rastreamento feito pela Abin durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro.