Foto: Tácio Moreira - Metropress

Após dois anos sem a presença do público, a comemoração da Independência do Brasil na Bahia voltará a contar com a presença popular no próximo sábado sábado (2). No Panteão, que fica no bairro de Pirajá, em Salvador, são realizados os últimos ajustes para as celebrações do Dois de Julho.

O bairro foi palco da principal batalha que culminou com a expulsão das tropas portugueses do estado, na madrugada de 8 de novembro de 1822. Os brasileiros foram comandados pelo general Pedro Labatut. O Panteão foi construído em homenagem ao combatente e lá estão os restos mortais dele.

Com o retorno da participação do público, em 2022 as imagens dos caboclos voltarão a circular nas ruas da cidade. O artista plástico João Marcelo Ribeiro é o responsável por vestir as duas imagens, que este ano trazem as cores das bandeiras do Brasil e da Bahia.

“É um trabalho que eu realizo com o maior prazer. Receber os parabéns do povo é de extrema satisfação e de extrema importância. Eles são os ícones do Dois de Julho. Sem os caboclos, acho que a comemoração perderia toda a graça”, afirma.

O historiador Vinícius Bonifácio explica a importância das figuras, que são destaques no desfile cívico. “O caboclo e a cabocla são os indígenas da terra. Quando a gente os vê com as lanças apontadas para a serpente, ela representa não só os portugueses, mas tudo que oprime o povo”, afirma.

“O que realmente deixa evidente a potencialidade do bairro de Pirajá nessa batalha, é que aqui o sangue negro, o sangue indígena, o sangue do povo baiano, está nas ruas, participa ativamente do processo”.

Para Vinícius, as comemorações são importantes para a memória do estado e é essencial que o povo marque presença, sobretudo neste momento de retorno. Além disso, ele destaca que “caso essa batalha fosse perdida, Salvador seria tomada pelos portugueses novamente”.

“Esse é um ponto crucial, que definiu realmente a nossa vitória. Ao ganharmos essa batalha, conseguimos fechar o gargalo para os portugueses, que ficaram acuados”, explica.

O líder comunitário Jonatas de Souza sente orgulho da história de Pirajá, onde mora. Todos os anos, ele acompanha a chegada do Fogo Simbólico, que vem de Cachoeira, no recôncavo. A tocha “dorme” no bairro e, no dia 2, é levada para a Lapinha.

“Todo ano, tem essa festa e nós ficamos dois anos sem essa comemoração. Nós, de Pirajá, estávamos sentindo saudade, porque é uma história importante para a comunidade”, afirma. G1