EC Bahia

Há sete jogos sem vencer e quatro sem marcar gols, o Bahia enfrenta o Flamengo neste domingo, na Arena Fonte Nova, em seu maior momento de instabilidade sob o comando do técnico Roger Machado. Em campo, o Bahia procura retomar não só os bons resultados, como também as atuações vistas antes da Copa América. Para isso, a equipe volta a contar com o apoio em massa da sua torcida, que já garantiu mais de 30 mil ingressos para o confronto de domingo.

Em entrevista coletiva concedida antes do treino desta quinta-feira, o técnico Roger Machado analisou as cobranças sobre o time e admitiu que, neste momento de instabilidade, busca equilíbrio na equipe.

– Treinador se cobra sempre. Quando se está vencendo os jogos e passando de fase na Copa do Brasil, também há vídeos com muitas correções. A vitória não esconde os problemas que temos. Pode esconder para o torcedor. Mas, para a gente, sempre tem algo a evoluir. A parabenizar, salientar e a evoluir. Na cobrança, a gente sempre procura algo. Muitas vezes somos injustos. Depois de uma vitória, temos um vídeo com seis minutos de correção. Tem que encontrar um equilíbrio. Pensar que hoje vamos deixar as cobranças de lado e salientar o que fizemos de bom. Precisamos de confiança para os atletas. No momento em que não estamos vencendo, não está tudo errado. Eu passo vídeos com coisas boas que estamos fazendo. Para não reforçar o erro. Corrigir, mas não bater em cima dele. Trabalhar no dia a dia para evoluir. Sobre as cobranças, eu me cobro diariamente, entendo a necessidade de achar um equilíbrio entre defender bem e atacar com mais gente. Subir um pouco o time, marcar mais alto. A gente usou isso como estratégia durante um momento. Agora saiu dos trilhos, mas vai voltar, tenho certeza.

Ciente de que há erros a consertar e pontos positivos a reforçar, Roger revela como lida com a pressão diária sobre os jogadores e defende: em horas como essa, tranquilidade é fundamental. É guiado por este princípio que ele orienta os atletas e tenta tornar tudo propício para que cada um desempenhe seu melhor futebol.

– Braço e perna são ferramentas. O que manda no corpo é a cabeça. No momento de instabilidade, de pressão, se eu entender que não posso fazer, eu não posso fazer, não vou conseguir fazer. Tento passar tranquilidade para os atletas para que eles façam o que sabem. As correções, muitas vezes, são individuais, por posição. Tenho bastante facilidade para orientar, seja atacante ou defensor. No vídeo agora foi justamente isso, a gente não conseguiu girar a bola para bater no outro corredor. Não tivemos a capacidade de enxergar o campo, as costas para girar e observar o outro corredor. Quando se está mais tenso, nervoso, o foco fica fechado, você presta atenção mais na bola e perde o contato com o ambiente que faz parte do jogo, e você precisa fazer a leitura correta. Alguns entendem que temos que treinar mais para as coisas voltarem a acontecer. Muitas vezes, não precisa disso. Tem que ter tranquilidade para fazer o que sabe. Só isso. Peço calma, eles vão voltar a fazer gol, movimento está certo. Erra um passe que não erra constantemente. É preciso ter tranquilidade, estar seguro que a orientação passada é correta, coerente. A pressão externa não pode balizar o que fazemos internamente.

“Se está tenso, perde a espontaneidade dos gestos. Isso atrapalha o jogador de alto nível. Nós todos, quando chegamos ao alto nível, nos parecemos. A diferença de um para outro é quanto peso se consegue carregar sem envergar. Essa é a diferença”, avalia Roger.

Roger também analisou o jejum de gols do Bahia e ressaltou que, por outro lado, o time também não tem sofrido defensivamente (não foi vazado nos dois últimos jogos). A última vez que a equipe marcou foi no jogo de ida contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, quando Gilberto balançou as redes de cabeça.

– Se, na direção do ataque, temos conseguido balançar pouco as redes, na direção da defesa temos a felicidade de manter o zero no placar. Os reforços internos, que são aqueles que estavam ausentes por algum problema, sempre são sentidos positivamente nesse momento. Assim como a defesa é composta por todos, temos que analisar o contexto para entender por que não estamos conseguindo, neste momento, auxiliar de alguma forma para que Gilberto, Fernandão, Arthur Caíke e Arturzinho consigam balançar as redes. Acho que é um momento de oscilação natural, que os atacantes passam e o coletivo do time também. Vamos trabalhar para que essa questão fique para trás – afirmou. Globoesporte