O rompimento das barragens na Bahia aumentou a preocupação com o risco dessas estruturas. São milhares de reservatórios, no Brasil, que nem sempre tem garantia de estabilidade. A Agência Nacional de Águas (ANA) estima que há, no Brasil, mais de 24 mil barragens de todos os tipos.

O gráfico mostra que quase 22 mil reservatórios armazenam água, grande parte para irrigação, para fornecer a animais, para criação de peixes, abastecimento e geração de energia elétrica. Sobre a segurança, o levantamento da ANA não distingue as barragens de água das outras estruturas.

Em Minas Gerais, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) está cadastrando os reservatórios do estado. A intenção do Igam é mapear as barragens para monitorar as ações de segurança e evitar o risco de rompimento. O prazo do cadastro, de acordo com o tamanho da barragem, termina em 2022.

Em março, moradores de um povoado na zona da mata mineira tiveram que deixar as casas por causa do risco de rompimento da barragem de uma usina hidrelétrica. A elevação no risco foi por causa da chuva intensa. A dona da barragem fez obras de reforço na estrutura e os moradores já voltaram para casa.

A chuva é um fator de risco grande e pode fazer o nível de água subir muito e rapidamente. Por isso, os especialistas nesse tipo de construção alertam que as estruturas devem ter vários itens de segurança, que vão ajudar a escoar o excesso de água e também a prever como está a situação interna dos reservatórios

“Mesmo uma barragem seguindo as melhores práticas da engenharia, a probabilidade de ocorrer uma ruptura não é zero. Mas o que se tenta fazer, e a engenharia procura isso, é diminuir a máxima probabilidade de ruptura”, disse Luiz Palmier, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG).

Palmier diz que os modelos mais comuns de barragens para armazenar água são feitos de terra ou de concreto. O ideal é que, no ponto de retenção da água, tenha uma estrutura sólida, com filtros internos e vertedouros na parte superior. Nas barragens de terra, é importante instalar piezômetros, equipamentos que medem a quantidade de água infiltrada na estrutura.

As leis que regulamentam o setor estão mais rígidas, mas, de acordo com o professor Palmier, a fiscalização ainda não é tão eficiente.

“Com bastante rigor, a questão da segurança da barragem, dos planos de ações emergenciais, as necessidades de construção de mapas de inundação, que prevê os sistemas de alerta. Então, imagino que, com maior vigor na fiscalização, estaríamos mais seguros das condições reais das nossas barragens”, disse.

A Agência Nacional de Águas declarou que é responsável pela fiscalização de menos de 1% de todas as barragens e que no país há 31 órgãos fiscalizadores de segurança dessas estruturas. A ANA afirmou ainda que não dispõe dos dados de todas as 24 mil barragens porque eles não foram repassados pelos estados. G1