O governador da Bahia, Rui Costa (PT), admitiu pela primeira vez a possibilidade de ser ministro caso o ex-presidente Lula vença a eleição presidencial de 2022. Em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, o petista disse, contudo, que o futuro político está indefinido. O baiano pode ser candidato a senador, mas o PT cogita apoiar candidatos de outros partidos aliados. Ele também reafirmou que o senador Jaques Wagner tentará ser o sucessor dele. “Isso já está decidido”, revelou Rui. Ele  admitiu que há chances de sair ao Senado Federal, o que irá depender de uma pactuação para acolher os anseios do PP e do PSD.

“Nossa prioridade é eleger governador e presidente. [O candidato] Será o Jaques Wagner e a minha posição pessoal, essa para mim não coloco como principalidade e nunca coloquei meu projeto pessoal acima do coletivo, e portanto para mim não é uma peça irremovível não ser candidato a senador. Nós só temos uma vaga e uma aliança com PP e PSD, que tem o senador Otto Alencar, meu vice é João Leão, e estamos dialogando com PP e PSD para votar essa chapa, que só são três vagas. A probabilidade maior de ficar até o final do governo, mas eu serei cidadão bastante ativo na ajuda que puder dar”.

“Não serei [candidato a deputado federal]. Ministro você não se candidata, quando muito você é convidado. Quero ajudar, o Brasil precisa, tenho duas filhas pequenas, faça com outros o que gostaria que fizesse com você. Temos obrigação de consertar nosso país”, emendou. Sobre a chapa de Lula com Alckmin, Rui Costa afirmou que é uma simbolização da estabilidade que o PT quer dar ao Brasil.

“Sou daqueles que me somo a favor dessa aliança, porque o desafio de governar o Brasil a partir de janeiro de 2023 é muito maior do que qualquer partido. O que o Brasil precisa é de estabilidade de Estado – jurídica, institucional e política”, analisou Rui Costa. O governador também comentou sobre a indicação de que o PT estaria defendendo revogar a Reforma Trabalhista. Ele garantiu que Lula apenas propôs um diálogo para que a reforma seja modificada.

“O Lula tem a capacidade de unir pessoas que pensam diferente. O convite pro Alckmin é um exemplo disso. A reforma trabalhista tem um problema: não foi construída com diálogo. Mas também não pode ser modificada em uma canetada. O que defendo é um grande diálogo. O Brasil precisa crescer. Temos que botar o trabalhador e o empresário e ver qual é o formato que pode fazer o Brasil pular degraus e ser mais competitivo”, apostou.

Ele também fez ataques a Jair Bolsonaro (PL). O presidente prometeu que a Bahia receberá R$ 700 milhões para reconstruções depois das tempestades. De acordo com Rui Costa, só R$ 12 milhões foram repassados até agora. “O governo federal tem um problema para reparar danos. Sempre foi muito lento. Não é só esse governo. Do total, apenas R$ 12 milhões foi recebido. Mas não vamos esperar. Vamos começar a construção das casas em parcerias com os municípios”, prometeu.

Segundo ele, Lula deve receber um governo pior do que recebeu em 2003 na sucessão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “O Brasil precisa de estabilidade não de governo, mas de Estado. Eu disse a Lula: o senhor receberá o governo em janeiro 2023, um governo e um País, pior do que recebeu em 2003. Vai ter menos ferramentas de indução da macro economia e terá dificuldade com ferramentas institucionais e do ponto de vista parlamentar do que foi em 2003”. Tribuna da Bahia