Foto : Camila Souza/GOVBA

O governador Rui Costa tem atuado para unificar a base aliada em Salvador em torno de, no máximo, três candidaturas. No entanto, alguns dos partidos que podem ficar de fora do pleito apontam que as conversas se encaminham para que apenas os nomes de Major Denice (PT) e Sargento Isidório (Avante) apareçam nas urnas no próximo mês de novembro. “Foi um pedido do governador”, afirmou um interlocutor que teria recebido o galanteio.

A justificativa partiria também do diagnóstico de Rui para 2022, após o governador baiano sugerir uma coalizão entre partidos de centro e de esquerda contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o que incluiria diálogos com legendas como PSDB e DEM (lembre aqui). Para aliados, o petista indicou que era preciso dar um exemplo na capital baiana através de uma coalisão de siglas “progressistas” para, daqui a dois anos, haver a maturação de um projeto mais amplo.

Enquanto Denice é afilhada política de Rui, Isidório é um candidato que poderia obter votos em setores mais conservadores, a exemplo dos evangélicos. Mesmo aliado do governador, o deputado não se encaixaria no perfil de força progressista, dificultando a construção de alianças com legendas como PCdoB e PSB, para citar dois partidos que também apresentaram candidaturas, com Olívia Santana e Lídice da Mata. Assim, a petista herdaria os apoios desses aliados sem os entraves prováveis com Isidório.

Na avaliação de caciques políticos consultados pelo Bahia Notícias, o governador, todavia, demorou em tomar as rédeas do debate. “Rui perdeu o timming”, criticou um aliado, com a garantia de anonimato. A expectativa é que o chefe do Executivo baiano fizesse esse debate antes mesmo de impor o nome de Denice como candidata do PT. “Ele não ouviu ninguém para indicar ela, por que a gente tem que seguir o governador como cordeirinho?”, reclamou outro.

Publicamente, Rui sinalizou desde março que os esforços estavam completamente voltados para conter a pandemia do novo coronavírus, razão pela qual teria se ausentado das discussões políticas. Todavia, em janeiro de 2020, já eram comuns as queixas de que o petista não reuniu o chamado “conselho político” para debater o andamento das eleições que, à época, ainda seriam realizadas em outubro.

Procurados, integrantes dos partidos que seriam “convidados” a retirarem suas candidaturas apontaram que não houve uma conversa direcionada nesse sentido. Porém, como analistas, as mesmas fontes admitem que haverá certa “radicalização” para que a base aliada seja unificada em torno de duas ou três candidaturas. Fernando Duarte/Bahia Notícias