Quando vou ser vacinado? Apesar de alguns estados terem divulgado datas em que pretendem imunizar pessoas de 18 anos contra a Covid-19, a falta de planejamento do Ministério da Saúde, atrasos de laboratórios e até crises diplomáticas dificultam a previsão da disponibilidade de vacinas, o que atrapalha a eficiência da imunização da população e o planejamento das prefeituras de quais grupos serão contemplados.

Contando a partir do primeiro lote, recebido no dia 18 de janeiro de 2021, a Bahia levou 44 dias para completar o primeiro milhão de doses recebidas. Desde então o período para comemorar cada novo milhão chegou a cair para uma semana, para logo em seguida demorar 3 vezes mais.

A campanha de imunização já completou cinco meses e os lotes e as quantidades de vacinas que chegam não seguem uma constância. Para atingir o segundo milhão de doses recebidas o estado levou 17 dias e de lá para o terceiro mais 19 dias. O menor espaço de tempo aconteceu em maio, quando a Bahia levou apenas sete dias para passar de cinco para seis milhões de doses das vacinas contra a Covid-19, entre 11 e 18.

Após esse período, e acrescentando uma crise diplomática com a China, os dois laboratórios brasileiros que produzem vacinas, Instituto Butantan (CoronaVac) e Fiocruz (Astrazeneca/Oxford), paralisaram o envase de imunizantes por falta de matéria prima. Por causa disso, o estado levou mais 23 dias para receber novas doses e chegar aos sete milhões.

Naquele momento, as remessas baianas do laboratório Pfizer ainda eram tímidas: do início da vacinação até o fim de maio, foram recebidas menos de 200 mil doses produzidas pela empresa americana. A quantidade dos lotes foi baixa por causa na demora do governo federal em fechar contrato com a Pfizer – a CPI da Pandemia identificou que a gestão de Jair Bolsonaro ignorou dezenas de e-mails da empresa, que poderiam ter garantido entregas ainda em dezembro de 2020.

Em novembro do ano passado, um secretário-executivo do Ministério da Saúde disse que não havia respondido os e-mails da empresa americana, de agosto, por causa de um vírus de computador. Veja o tempo que demorou para a Bahia chegar a cada novo milhão de doses:

1 milhão: 03/03 – 44 dias
2 milhões: 20/03 – 17 dias
3 milhões: 08/04 – 19 dias
4 milhões: 29/04 – 21 dias
5 milhões: 11/05 – 12 dias
6 milhões: 18/05 – 7 dias
7 milhões: 10/06 – 23 dias
8 milhões: 19/06 – 9 dias

GESTORES ÀS CEGAS

É essa realidade que torna difícil, ou até impossível, prever quando o Brasil vai conseguir atingir uma proteção eficaz contra a Covid. Especialistas sinalizam que o mínimo necessário de pessoas imunizadas para conter a doença e aproximar a sociedade do que um dia já foi o normal é ter pelo menos 70% da população vacinada.

O tema já foi alvo de reclamações por parte do secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas. Em abril ele fez críticas à indefinição da logística do Ministério da Saúde na entrega de doses das vacinas contra a Covid-19. Na época a aplicação de primeiras doses dos imunizantes estava suspensa em algumas cidades baianas, incluindo Salvador, devido à falta de estoque. Segundo o titular da Sesab, a falta de informações para os estados deixa os gestores “cegos”.

“Por conta de sucessivos cancelamentos de entregas de vacina, o Ministério da Saúde decidiu não anunciar mais o cronograma de envios dos imunizantes. Estamos cegos: sem quantitativos, horários ou data para recebimento de novas doses”, reclamou Vilas-Boas na ocasião. De lá para cá nada mudou. A realidade é a mesma quase todas as semanas. Salvador está entre as capitais que mais aplica doses, mas todas as semanas acaba tendo que suspender a vacinação de primeiras doses por falta de estoque. Bahia Notícias