Agência Brasil

Em relatos na investigação sobre irregularidades no Ministério da Educação, servidores da pasta disseram que o ex-ministro Milton Ribeiro recebia com frequência o pastor Arilton Moura em seu gabinete. Os encontros, segundo os servidores, ocorriam também na casa do ex-ministro.

Ribeiro foi alvo de operação da Polícia Federal na semana passada. Ele chegou a ser preso, mas depois foi solto, por determinação judicial, assim como o pastor Moura e o também pastor Gilmar Santos.

O ex-ministro e os pastores são suspeitos de participarem de um esquema no MEC de liberação de verbas do ministério para projetos em municípios em troca de propina.

Os relatos de servidores do MEC sobre as denúncias na pasta foram dados para a Controladoria-Geral da União e embasaram a operação da PF.

Essa é uma segunda investigação da CGU, aberta em março deste ano, após a imprensa ter revelado as suspeitas de irregularidades no MEC. Antes, em 2021, a CGU tinha uma investigação sobre o caso, mas encerrou os trabalhos alegando que não havia indícios de envolvimento de autoridades.

No relato à CGU, a chefe da Assessoria de Agenda do gabinete do ministro da Educação, Mychelle Rodrigues Braga, afirmou que “durante a gestão de Milton Ribeiro nenhuma outra pessoa ou autoridade esteve naquelas dependências com a frequência do pastor Arilton”.

O ex-assessor Albério Rodrigues Lima afirmou também que a partir de maio de 2021 Milton Ribeiro concedeu espaço mais privilegiado aos pastores Gilmar e Arilton, quando passou a recebê-los em sua própria residência.

Avião da FAB

Segundo os relatos de servidores, Ribeiro também autorizou que Moura pudesse acompanhá-lo em uma viagem em avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

“Ocorre que, de acordo com a sra. Mychelle, o ministro Milton Ribeiro havia solicitado que o pastor Arilton viajasse em sua companhia com avião da FAB no trajeto entre Brasília e Alcântara no dia 26/05, o que somente não veio ocorrer por fatores alheios a vontade dos envolvidos”, afirma o material da CGU.

O ex-ministro, de acordo com os servidores, foi alertado de que a ação dos pastores no MEC causaria riscos para a imagem do ministério.

Tentativa de dar cargo a pastor

O ex-assessor Albério Rodrigues disse que um dos momentos de maior risco para a imagem do MEC foi quando Ribeiro tentou dar um cargo a Arilton Moura na pasta.

Em maio, o atual ministro, Victor Godoy, que na gestão de Ribeiro era secretário-executivo, publicou uma nota oficial afirmando que, após a indicação de Arilton ter sido negada pela Casa Civil, o então ministro indicou Luciano Musse para assumir a função que seria do pastor. Musse também foi alvo da operação da PF na semana passada. G1