O setor filantrópico do estado da Bahia se reuniu na manhã desta segunda-feira (14), no Hotel Mercure, no Rio Vermelho, com o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia (CMB), Mirocles Véras. A pauta do encontro foi a análise e discussão da crise enfrentada pelas instituições e hospitais filantrópicos do país. Segundo o presidente, desde 2015, 315 entidades foram fechadas no Brasil – uma redução de cerca de sete mil leitos do Sistema Único de Saúde (SUS).

A presidente da Federação das Santas Casas da Bahia (Fesfba), Dora Nunes, afirma que o setor enfrenta uma crise que se estende há anos, com o não reajuste do valor repassado pelo governo federal, agravado pelo aumento do valor de insumos hospitalares durante a pandemia. Segundo ela, a crise se dá pela falta de financiamento do poder público.

“No encontro discutimos a situação financeira das instituições […] e, como exemplo das Obras Sociais Irmã Dulce, é uma situação que todas as outras entidades também passam, respeitando as peculiaridades de cada uma. É uma situação de alerta e os representantes da categoria estão bastante preocupados”, diz a presidente.

O presidente da CMB, Mirocles Véras, lembra que as entidades filantrópicas são responsáveis por 70% de todo o atendimento de alta complexidade da rede SUS no país. “Nós atendemos as pessoas mais carentes, que não têm plano de saúde, e isso repercute diretamente na sociedade. Este alerta que estamos fazendo é para que os poderes municipais, estaduais e federal entendam que, se não tomarem providências, teremos que fechar leitos por questões financeiras”, afirma.

Outro ponto debatido e que tem causado preocupação para o setor é o Projeto de Lei 2564, que pede um piso salarial nacional para os enfermeiros de R$ 7.315 mensais. Atualmente, este valor é fixado em R$ 4.700. “As entidades sempre se posicionaram a favor da valorização dos enfermeiros e técnicos. Entretanto, o projeto, como foi concebido e está para ser aprovado, não levou em consideração que o piso salarial gera impacto na folha de pagamento das entidades e não pensaram na fonte de financiamento disso”.

A presidente da Fesfba afirma que entidades podem fechar no estado caso o novo piso seja aprovado. Os representantes da entidade também relembram da promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), de destinar R$ 2 bilhões ao setor, em maio do ano passado, e que nunca foi cumprida. Além do encontro, o presidente da CMB foi levado para uma visita ao Hospital Santa Izabel e às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Correio da Bahia