Agência Brasil

Com o início, nesta quinta-feira (16), das inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) — que seleciona estudantes para vagas em instituições públicas de ensino superior em todo o país — candidatos que fizeram o último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), obtiveram nota na prova de redação maior que zero e não declararam estar na condição de treineiro ao se inscrever poderão concorrer a 16.600 vagas na Bahia. Desse total, a maior parte está concentrada na Universidade Federal da Bahia (Ufba): 4.695.

O segundo lugar fica para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com 1.896 vagas. Logo em seguida, vem a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com 1.285 vagas e 550 sobrevagas — vagas além das previstas no semestre e destinadas a pessoas indígenas; quilombolas; ciganas; trans; com deficiência; com transtorno do espectro autista; e com altas habilidades.

Para se candidatar, o interessado deve acessar, até o dia 24, o ‘Portal Único de Acesso ao Ensino Superior’, do Ministério da Educação (MEC). De forma gratuita, o candidato tem como escolher até duas opções de curso a que deseja concorrer, e elas podem ser alteradas dentro do prazo de inscrição. O resultado da chamada regular será divulgado no dia 28, e a matrícula, realizada entre os dias 2 e 8 de março.

As vagas serão distribuídas obedecendo à Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), e, como política de ações afirmativas, algumas instituições oferecem vagas reservadas e outras adotam bônus na nota do candidato. Além disso, vale ficar atento a outros critérios, como, por exemplo, o fato de a nota obtida na prova de Ciências da Natureza no Enem ter um peso maior para um curso de Física.

Diariamente, a partir do segundo dia, o Sisu calcula e divulga a nota de corte para cada curso. Usada apenas como referência para auxiliar o candidato no monitoramento de sua inscrição, ela é a menor nota para ficar entre os selecionados na modalidade escolhida de um determinado curso, com base no número de vagas e no total de candidatos inscritos.

Outros processos seletivos 
O mesmo site também disponibiliza informações sobre outros processos seletivos de ensino superior, como o Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece bolsas de estudo em faculdades privadas, e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), com financiamento especial de cursos superiores.

Todos os processos seletivos têm por base as notas obtidas no Enem. Segundo o MEC, “os resultados são usados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetros para acesso aos auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fies”.

Expectativas
Nada como concluir o ensino médio e, logo no ano seguinte, ingressar numa instituição de ensino superior. E essa é a expectativa do jovem casal Lucas Gomes e Myrela Sena, de 17 anos. Ambos moram em Mairi, no centro-norte do estado, e têm como objetivo ingressar na Ufba: ele, no curso de Engenharia da Computação, e ela, em Odontologia.

“Vou colocar a Ufba na primeira opção porque [Salvador] é onde eu tenho família e consigo morar, e a Uefs na segunda. Não tenho muita gente em Feira de Santana, mas, qualquer coisa, dá pra me virar”, garantiu Lucas. “Minha expectativa não tá alta nem baixa. Estou só esperando, pra ver no que vai dar. Eu acho que minha nota foi relativamente boa, inclusive na redação”, contou ele.

Diferentemente de Lucas, que vai apostar todas as fichas em Engenharia da Computação, Myrela pretende colocar outro curso, Fisioterapia, como segunda opção. A jovem disse que ainda está ‘dando uma pesquisada’ nas instituições, mas tem a Ufba como prioridade. “A Federal tem um prestígio; é considerada uma das melhores e a que tenho em mente.”

Assim como o namorado, porém, Myrela está com os pés no chão. “As expectativas estão boas. A ansiedade é inevitável, mas tá controlada”, contou ela. “Não tô me sentindo nervosa nem nada, porque ainda tenho alguns anos pela frente pra continuar tentando. Então, eu prefiro ser otimista e não ter pressa com relação a isso”, acrescentou.

Números de vagas e cursos por instituição 

Universidade Federal da Bahia (Ufba): 4.695 vagas em 96 cursos;

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB): 1.896 vagas em 48 cursos;

Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc): 1.746 vagas em 34 cursos;

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba): 1.555 vagas em 41 cursos;

Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB): 1.425 vagas em 48 cursos;

Universidade do Estado da Bahia (Uneb): 1.285 vagas e 550 sobrevagas em 106 cursos;

Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob): 1.136 vagas em 30 cursos;

Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs): 1.087 vagas em 30 cursos (ingresso em 2023.2);

Instituto Federal Baiano (IF Baiano): 860 vagas em 22 cursos;

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb): 365 vagas em 21 cursos.

Atenção 
O candidato selecionado em sua primeira ou segunda opção terá apenas uma oportunidade de fazer sua matrícula, de 2 a 8 de março. Assim, se for selecionado, independentemente de efetuar sua matrícula, não poderá manifestar interesse em participar da lista de espera.

Quem não for selecionado em alguma de suas opções na chamada regular pode escolher uma delas para participar da lista de espera. Nessa etapa, o candidato deve acessar seu ‘Boletim Sisu’ e manifestar o interesse no prazo a ser especificado no cronograma. É importante que o candidato acompanhe as convocações para matrícula com a instituição que ofertou a vaga escolhida por ele.

Estratégias para garantir uma vaga 

Em entrevista ao CORREIO, o historiador e professor de História Ricardo Carvalho deu algumas dicas de estratégias que o candidato deve adotar para assegurar sua tão sonha vaga numa instituição de ensino superior.

Que critérios o candidato deve usar na hora de escolher as duas opções?  

Existem dois elementos que são importantes: primeiro, que você faça uma escolha que condiga com o que você deseja. Não adianta você escolher algum curso que você vai passar, e que não tenha nenhuma identidade. Mas, do ponto de vista prático, é muito importante que você avalie a sua capacidade, a partir da sua nota, de entrar naquele curso. E a segunda opção é a grande chave: não adianta você colocar duas opções que sejam de grande concorrência e dificultem seu acesso. A segunda opção existe exatamente para que você tenha uma possibilidade mais concreta de ingressar no ensino superior, então, você escolhe uma instituição e um curso que lhe permitam, caso não venha a ser aprovado na primeira opção, uma entrada no ensino superior.

As notas de corte de anos anteriores podem ser um bom parâmetro?  

Sem dúvida nenhuma. Você não tem outro critério que não seja esse. Embora as provas, os resultados, os pontos de corte variem de um ano para outro — ainda mais, nessas mudanças de características e abordagens que nós tivemos nos últimos anos —, o ano anterior é um ponto de referência. É só o candidato pensar que o seu concorrente também está usando esse critério. Isso já é suficiente para determinar uma projeção do resultado que vem a seguir.

Caso o candidato perceba que sua nota talvez não seja suficiente para ingressar em qualquer dos cursos escolhidos, o que é mais aconselhável: manter aquelas opções e aguardar as listas de espera ou garantir uma vaga na instituição mesmo num curso de menor interesse?  

Essa é uma decisão de foro íntimo. Não adianta a gente lançar uma perspectiva, porque cada vida é uma história. Então, eu vou falar por mim: eu ingressaria no ensino superior, sem dúvida nenhuma, por ter a opção de entrar num curso correlato, em que você possa ir ‘eliminando’ disciplinas e, quem sabe, ingressar depois naquele que é o curso dos seus sonhos. Eu sou a favor realmente de que você pense, de forma concreta, em ingressar no ensino superior. Sempre vai haver outros Enems, outros Sisus, então, sempre vai haver a possibilidade de você ingressar no ensino superior, mas eu acho que, na realidade do Brasil, garantir uma vaga numa universidade é algo muito importante.

Há outras estratégias para conseguir a tão sonhada vaga num curso de ensino superior? 

Existem inúmeras possibilidades. Além do Sisu, algumas universidades mantêm os vestibulares. Existem também as transferências externas, quando você entra num curso e pode transferir para uma cidade mais próxima, e os portadores de diploma, que são pessoas que já concluíram algum curso e podem pleitear, sem vestibular, o ingresso em outras faculdades. Mas eu não imagino que exista nada mais democrático nem importante, do ponto de vista de evolução do modelo brasileiro de educação, quanto o Sisu. Gerações anteriores tinham pouquíssimas opções de ingresso na universidade, e hoje o Sisu abre um leque muito grande e te oferece universidades do país inteiro. Correio da Bahia