Morto em novembro, o engenheiro Jorge Enrique Pizano era uma das testemunhas-chave no caso que investiga desvios na construção da rodovia Rota do Sol, feita pela Odebrecht, na Colômbia. Uma de suas denúncias é de que o brasileiro Marco Antônio Gloria, gerente financeiro da concessionária Ruta del Sol, era um dos principais operadores do que ficou conhecido como o maior esquema de corrupção do país.

 

O nome de Marco Antônio Gloria ainda não tinha sido apontado no processo, mas ele não é investigado nem pelo governo colombiano nem pelo governo brasileiro. De acordo com acusações feitas por Pizano, dinheiro enviado por Gloria ao Panamá tinha como destino a Consultores Unidos, uma empresa de lobby acusada de intermediar o dinheiro da propina.

 

A empresa é também suspeita de financiar campanhas políticas na Colômbia. Como um todo, o processo da Odebrecht no país tem 39 indiciados e oito condenados. A reportagem conta que Pizano temia ser alvo de denúncias, relatando a pessoas próximas que o acusariam de corrupção para derrubar as investigações. Porém, isso não chegou a acontecer, pois no dia 8 de novembro ele sofreu um infarto e veio a óbito segundo o Fantástico.

 

Três dias depois, em 11 de novembro, seu filho Alejandro Pizano Ponce de León viajou para acompanhar seu velório e, ao visitar a casa do pai, bebeu o líquido de uma garrafa com água aromatizada e morreu envenenado por cianureto. A substância é considerada um asfixiante químico.

 

Diante dessas duas mortes, agentes da polícia recolheram documentos e computadores para apurar o caso, mas o juiz responsável anulou as provas por considerar que o Ministério Público do país cometeu erros. Fontes ouvidas pelo Fantástico apontam que essas falhas foram cometidas de forma proposital a fim de proteger “alguns dos homens mais poderosos da Colômbia” envolvidos no esquema. Assim, as mortes de Pizano e seu filho seguem sem respostas. Temerosa, a família deles deixou o país.