Foto: Secom/GovBA

Otto Alencar e João Leão têm motivos para sorrir nas eleições de 2020, tanto quanto o prefeito de Salvador, ACM Neto. Os dois titãs do PSD e do Progressistas mantiveram a dianteira no número de prefeituras baianas, apesar da ligeira frente de 15 cadeiras para os social-democratas. O capital político que emerge nas urnas será colocado à prova em 2022, porém isso aumentou sensivelmente a musculatura política dessas legendas. Vamos ver como os dois caciques vão se comportar.

Enquanto o PSD e Progressistas controlam 199 prefeituras, o PT, partido do governador Rui Costa, tem menos de 1/6 desses comandos – ainda que os petistas possam ampliar esse número caso confirmem a vitória de Zé Neto, em Feira de Santana, ou Zé Raimundo, em Vitória da Conquista. As cidades sob a tutela do PSD têm mais de 2,6 milhões habitantes. Os municípios do Progressistas somam mais de 2,12 milhões de baianos. Os petistas, mesmo que consigam vencer no segundo turno nas duas cidades, não chegam a ter 2 milhões de eleitores sob seu comando. Ou seja, em nenhuma variável o partido que comanda o Executivo estadual manterá prevalência sobre os maiores aliados.

Mesmo que haja distância para 2022, existe um embate previsível para a continuação do arco de alianças que atualmente garantem governabilidade para Rui. As próximas eleições gerais terão apenas três vagas na majoritária e será preciso uma arrumação de forças para fazer com que PSD e Progressistas não deixem esse arco de alianças – e ambos detêm uma vaga cada, Otto como senador e Leão na vice-governadoria.

A presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) caminha para ser o prelúdio dessa disputa. O Progressistas controla a Casa com Nelson Leal e busca tensionar para seguir com o posto. Há um acordo com o PSD para a sucessão, que não caminha a ser levado a cabo, e Rui terá que ser acionado como bombeiro para evitar uma batalha antecipada entre os titãs. A depender de como essa crise for contornada, a paz pode reinar por mais tempo no grupo.

Se na base aliada de Rui existe mais de um protagonista, do lado de ACM Neto o DEM reina com maior tranquilidade. Mesmo que tenha tido resultado positivo em “apenas” 39 cidades, os democratas conquistaram o maior colégio eleitoral da Bahia com Bruno Reis em Salvador e cidades médias importantes, a exemplo de Barreiras e Teixeira de Freitas. O partido tem o maior número de baianos sob o seu comando atualmente, mais de 4,5 milhões. Ou seja, ACM Neto assume de vez o papel de jogador relevante na cena política estadual.

A poeira das urnas não baixou. Ainda falta o embate entre PT e MDB nos dois maiores colégios eleitorais do interior. Porém já é possível identificar os contornos dos principais partidos da Bahia no futuro próximo. Se os ventos não mudarem a posição das velas, PSD, Progressistas, PT e DEM estarão disputando ombro a ombro os desígnios políticos baianos. (Por Fernando Duarte/BN)