A venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada na cidade de São Francisco do Conde, na região metropolitana de Salvador, tem preocupado os funcionários da empresa, que temem demissões, e a prefeitura, com a possível queda econômica do município.

Criada em 1950, a refinaria é responsável por 82% dos R$ 37 milhões da receita mensal de São Francisco do Conde. Atualmente, a unidade tem três mil funcionários, sendo mil contratados e dois mil terceirizados.

“Vai ser um caos social, considerando que a gente tem números de funcionários aqui de em torno de 4 mil [pessoas] na prefeitura, e que, se houver queda na receita, provavelmente haverá demissão”, disse a secretária da Fazenda e Orçamento da cidade, Maria Natalice Silva.

“Nós recebemos com muita apreensão e, ao mesmo tempo, com muita indignação. A categoria petroleira naturalmente é contra, e nós do sindicato iremos buscar mobilizar essa categoria para lutar contra essa medida absurda”, contou Radiovaldo Costa, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA).

Além da Bahia, o que é produzido pela empresa atende a Sergipe, localidades nas regiões Norte e Nordeste do país, além de Argentina, Estados Unidos (EUA) e países da Europa. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), só em 2018, foram 77 milhões de barris dos 31 produtos diferentes produzidos pela unidade.

Contudo, a Petrobras alega que a empresa não dá mais lucro. Dados apontam que a produção da refinaria teve queda de 70% nos últimos 5 anos.

Em abril de 2018, a Petrobras chegou a anunciar a venda de 60% da Refinaria Landulpho Alves (RLAM). No entanto, suspendeu a medida em julho, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que proibiu o governo federal de vender ações de estatais sem aval do Congresso Nacional.

A venda total da refinaria foi anunciada pela empresa na última sexta-feira (26). Além dela, outras sete unidades serão vendidas. A Petrobras não se pronunciou ainda sobre a possível demissão de funcionários.

As refinarias na lista de venda são: Refinaria Abreu e Lima, Unidade de Industrialização do Xisto, Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Refinaria Gabriel Passos (REGAP), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), Refinaria Isaac Sabbá (REMAN) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR).

De acordo com o blog do João Borges, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que pretende arrecadar cerca de US$ 15 bilhões com a venda das refinarias. Juntas, elas têm capacidade de refino de 1,1 milhão de barris por dia.

O processo de venda deve ser concluído em até um ano e meio.

Além da venda das refinarias, a empresa pretende reduzir também a fatia da estatal na BR Distribuidora – atualmente em 71% e vender a rede de postos da companhia no Uruguai.

As decisões anunciadas de desinvestimentos integram o Plano de Negócios e Gestão 2020-2024 da empresa. O documento deve ser aprovado e divulgado no quarto trimestre. Informações do G1