Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta segunda-feira (10) um apelo a reitores de universidades e institutos federais pelo fim das greves. Em pronunciamento no Palácio do Planalto, o petista afirmou que não há razão para uma greve durar tanto tempo e pediu que os servidores sejam flexíveis na negociação com o governo federal.

“Nesse caso da educação, se vocês analisarem o conjunto da obra vocês vão perceber que não há muita razão para essa greve estar durando o que está durando. Quem está perdendo não é o Lula, quem está perdendo não é o reitor, quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros. É isso tem que ser levado em conta. Não é por 3%, 2%, 4% que a gente fica a vida inteira de greve. Vamos ver os outros benefícios”, disse Lula aos reitores.

A fala causou reação do sindicato que representa o segmento, que sinalizou que a paralisação continua. Desde abril, diversas categorias ligadas ao ensino federal entraram em greve. Em algumas instituições, professores e técnicos-administrativos aderiram aos movimentos. Em outros casos, apenas os professores ou somente os técnicos estão paralisados. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), aponta uma defasagem de 22,71% no salário dos professores, acumulada desde 2016.

Nesta segunda, o presidente da República destacou esforços da ministra da Gestão, Esther Dweck, nas negociações com os grevistas. Para o presidente, Esther colocou à disposição das categorias “um montante de recursos não recusável”. “Só quero que levem isso em conta. Porque, senão, vamos falar em universidade e institutos federais, e os alunos estão à espera de voltar à sala de aula”, disse.

Lula, que começou a carreira política como líder sindical em São Paulo, já declarou que ninguém será punido por causa da greve. O presidente se elegeu para o terceiro mandato com discurso de valorização do ensino público. No pronunciamento que fez no Palácio do Planalto nesta segunda, o petista disse que “a greve tem um tempo para começar e um tempo para terminar”.

“A única coisa que não se pode permitir é que uma greve termine por inanição. Se ela terminar, as pessoas ficam desmoralizadas. O dirigente sindical tem que ter coragem de propor, tem que ter coragem de negociar, mas ele tem que ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o tudo ou nada que ele apregoou”, concluiu o presidente.

O ministro da Educação, Camilo Santana, também defendeu o término da greve e criticou a paralisação por entender que este é um ato que se adota “quando não há mais diálogo, mais condições de debater ou discutir”, o que não é o caso com o atual governo federal.

“Acho que todos precisam ajudar para a gente sair deste impasse. Mais importante é a retomada das aulas para os nossos alunos”, frisou. Camilo citou que em 2023 houve reajuste de 9% aos servidores federais e que não é possível recompor as perdas de gestões anteriores em pouco tempo.

“Não podemos recompor todo processo histórico de anos em curto espaço de tempo. Há esforço enorme do governo federal, para deixar claro, e lembrar que a negociação terá impacto mais de R$ 10 bilhões”, disse.

Reitora da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão, destacou que os salários de professores e servidores estão “defasados” e disse esperar um acordo entre governo e sindicatos nesta semana.

“São trabalhadoras e trabalhadores essenciais para darmos conta de todos os desafios do país e que possuem remunerações muito defasadas, como o senhor [Lula] bem sabe, ainda mais quando comparamos com carreiras que tiveram reajuste recentemente. Há técnicos que chegam a ganhar menos de um salário mínimo. Esperamos que essa semana governo e sindicatos cheguem a situação negociada, pacificando a situação”, disse Márcia. G1