A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta quinta-feira (29), que havia “infrações criminosas muito graves” ocorrendo no estado do Rio de Janeiro ao justificar a prisão do governador do estado, Luiz Fernando Pezão (MDB). O vice-governador, Francisco Dornelles, assumirá o governo interinamente. Luiz Pezão foi preso por volta das 6h no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do estado.

 

De acordo com os agentes, o governador se surpreendeu com a chegada da Polícia Federal. Além do governador, outras oito pessoas foram presas na operação batizada de Boca de Lobo, entre elas os secretários de Obras, Iran Peixoto Júnior, e de Governo, Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, e o sobrinho do governador, Marcelo Santos Amorim segundo o G1.

 

Dodge explicou que embora as investigações sejam realizadas há algum tempo, as prisões foram necessárias porque crimes como o de organização criminosa e lavagem de dinheiro ainda estão em curso. “Um dos crimes em curso é o de organização criminosa, continua atuando e especialmente à lavagem de dinheiro que é o crime que se pratica após a corrupção e que consiste em ocultar dinheiro. Pelas informações, continua a ser feito”, disse.

 

“O crime de lavagem de dinheiro ainda está em curso”, afirmou, ao justificar a prisão de Pezão às vésperas de fim do mandato, que se encerra em 31 de dezembro. A procuradora-geral da República afirmou que o crime de lavagem de dinheiro é “igualmente grave” porque, “se o dinheiro desviado pela corrupção continua na posse de quem desviou, o patrimônio publico terá dificuldade em ser recomposto”.

 

Dodge ressaltou que “o esquema criminoso” que atua no Rio de Janeiro se instalou “em diversas unidades públicas do estado”. Ela disse ainda que “muitos já estão condenados e presos, mas percebeu-se que este esquema criminoso ainda não cessou”. “E é por essa razão, os infratores ainda praticarem esse crime, que chegou-se a necessidade de requerer prisão preventiva para a garantida da ordem pública”, disse a PGR.

 

Segundo a investigação, os valores que teriam sido recebidos por Pezão são “incompatíveis com a renda declarada dele” e “seguem ocultos”. Por isso, a prisão preventiva do governador foi decretada. Ele foi levado para a sede da PF no Rio. De lá, Pezão deve ser transferido para a unidade prisional da PM em Niterói, onde também está detido o ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Claudio Lopes.

 

O Ministério Público afirma que esses recursos teriam origem em duas fontes principais: a mesada paga pelo delator Carlos Miranda e contratos de serviços públicos com o governo estadual, principalmente na área de transporte. Carlos Miranda detalhou o pagamento de mesada de R$ 150 mil para Pezão na época em que ele era vice do então governador Sérgio Cabral. Também houve, segundo a delação, pagamento de 13º de propina e ainda dois bônus de R$ 1 milhão como prêmio.