A avó de Giovana Nogueira, de 11 anos, morta na manhã desta última quarta-feira (24), no bairro Jardim Santo Inácio, em Salvador, durante uma operação policial na localidade, rebateu a versão dada pela polícia, de que PMs trocavam tiro com bandidos, no momento em que a criança foi baleada segundo o G1.

 

“Eu quero que eles falem na minha cara da troca de tiro. Minha filha levantou para morrer”, disse Valdete de Jesus. Uma vizinha, que não se identificou a nossa reportagem também disse que não houve troca de tiros. “Não tinha ninguém na rua, porque estava chovendo. Não foi troca de tiro”, afirmou a mulher.

 

Segundo a Polícia Militar, os agentes envolvidos no caso disseram que faziam buscas por suspeitos de homicídios na localidade conhecida como “Paz e Vida”, quando foram recebidos a tiros por criminosos. “Tivemos a colheita das informações, das declarações dos policiais na nossa corregedoria da PM. Somente a perícia vai deixar claro se a versão dos policiais é a verdadeira”, afirmou Capitão Bruno Ramos, porta-voz da Polícia Militar.

 

Além do inquérito da PM, o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil (PC). É a perícia da PC que vai dizer se o tiro saiu ou não da arma de um policial. Segundo a PM, após o confronto com os bandidos, os policiais escutaram os gritos de um homem pedindo socorro para a garota que foi baleada. A vítima foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo Inácio, mas não resistiu ao ferimento.

 

Em entrevista ao G1, o avô da criança disse que estava chegando em casa e que a neta foi baleada quando estava abrindo a porta para ele entrar. Eu estava chegando e ela saiu na porta pra abrir o portão. Daí um carro preto se aproximou e policiais saíram atirando. Aí, ela foi baleada”, contou Francisco Carlos Nogueira, de 66 anos. Familiares contam que a menina foi atingida por um tiro na cabeça.

 

Por conta da morte, moradores realizam um protesto na entrada do bairro de Santo Inácio no final da manhã desta quarta-feira. Giovana se mudou com a mãe para a casa dos avós, no bairro de Jardim Santo Inácio, há cerca de quatro meses. Antes, ela morava com os pais, que estão separados, no bairo de Paripe, no subúrbio de Salvador. Ao G1, a mãe da vítima falou sobre o desespero.

 

“Foi muito rápido. Meu pai estava chegando umas 7h. Ela saiu de casa e foi baleada. Eles [que estavam no carro e atiraram] saíram e depois voltaram, pegaram ela e vieram correndo [para UPA]. Eu peguei uma moto e vim em seguida”, contou Maria Ângela de Jesus Nogueira, de 34 anos. O pai falou emocionado sobre a morte. “Eu catei até lixo para cuidar da minha filha, pra ver ela crescer. Agora eu perdi tudo”, disse Jorge Luiz, que é descarregador de caminhão.