Foto: Reginaldo Ipê

As aberturas dos trabalhos da Câmara de Salvador e da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) tiveram um tom muito semelhante, apesar do prefeito Bruno Reis e do governador Rui Costa estarem em grupos políticos completamente distintos. As mensagens investiram na expectativa de que o ano que se inicia será melhor que o último, ainda que o contexto da pandemia do novo coronavírus persista. É o otimismo possível até aqui. Em sua primeira mensagem, Bruno Reis manteve a tradição de listar os prováveis projetos e investimentos, porém seguiu a linha de continuidade da gestão do antecessor, ACM Neto.

Tudo dentro do roteiro esperado. Até mesmo a já costumeira comparação entre a prefeitura de Salvador de 2013 e a atual apareceu, algo bem comum durante o período em que Neto esteve no Palácio Thomé de Souza. Mesmo que o ex-prefeito tenha “elevado o nível”, numa comparação simplista com João Henrique, reforçar que a atual administração é uma versão 3.0 do modelo implantado há 9 anos é sempre uma boa estratégia.

Ainda que a cena política nacional mostre instabilidade e não se perceba a harmonia entre as instâncias da República, o prefeito de Salvador não quis investir tempo da sua fala no tema. Concentrou-se na capital baiana e as consequências da pandemia para a população local. Bruno Reis costurou elogios e garantiu que a cidade pode continuar esperando o ambiente de transformação observado desde a chegada desse grupo político ao poder. Nem parecia a primeira ida do prefeito à Câmara.

Rui Costa esteve em sua sétima mensagem do Executivo. Além do resumo das realizações feitas até aqui, o governador iniciou uma espécie de contagem regressiva para as entregas que devem acontecer até 2022. Tal qual o prefeito, Rui listou investimentos, obras e possibilidades lançadas na Bahia a partir da chegada do PT ao governo – tanto que passado tanto tempo o nome do ex-governador Jaques Wagner continuou sendo citado. Ou seja, há uma defesa de legado premente, algo que suscita a percepção de que os últimos dois anos de Rui no Palácio de Ondina serão marcados por essas lembranças.

Diferente de Bruno Reis, todavia, o governador teceu críticas ao governo federal e à forma como o presidente Jair Bolsonaro conduz o país durante a pandemia – mesmo sem citar diretamente o presidente. É parte da estratégia discursiva de demarcar território, ao tempo em que dialoga com a própria base. Rui não descarta estar nas urnas em 2022, então é bom manter isso vivo.

Ainda que tenham tido características bem próprias, as mensagens de prefeito e governador mantiveram a necessidade de uma postura otimista frente aos desafios impostos pelo coronavírus. Como diria o ditado, a esperança é a última que morre. E essa é a torcida de todos. (Por Fernando Duarte/Bahia Notícias)